Por thiago.antunes

Rio - As ‘magrelas’ vão ganhar mais espaço no Rio de Janeiro. Até 22 de setembro, data de celebração do Dia Mundial Sem Carro, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) terá concluído a implantação em Copacabana de mais 14 quilômetros de rotas cicloviárias nas ruas de Copacabana. Já em Botafogo, até novembro, a rede de ciclovias será revitalizada, com novas pavimentação e sinalização.

As pistas para os ciclistas da Praia de Botafogo, que em 2014 completam 20 anos, ganharão um traçado alternativo, contornando a sede do Mourisco do Clube Botafogo e os fundos da churrascaria vizinha ao clube, bem à beira-mar.

Ciclovias de Botafogo serão reformadas e ganharão novos traçados em até 90 dias. Trecho da orla ficará mais próximo das águas da BaíaCarlo Wrede / Agência O Dia

O plano é ampliar a rede, que hoje tem 376 quilômetros de ciclovias, para 450 quilômetros até 2016. Há cinco anos, eram 150 quilômetros. O objetivo é estimular a opção por um meio de transporte não poluente. Quase todas as ruas internas de Copacabana terão o desenho de bicicletas no asfalto, de modo a lembrar aos motoristas que as vias são compartilhadas.

A Avenida Nossa Senhora de Copacabana e a Rua Barata Ribeiro, duas das principais artérias da região, estão fora do projeto. Assim como a Avenida Atlântica, onde já há a ciclovia na orla. O sistema aplicado a Copacabana servirá de termômetro para a repetição do projeto em outros bairros da Zona Sul.

Outra artéria do bairro, a Rua Tonelero já ganhou um quilômetro de faixa exclusiva para as bicicletas. De acordo com a secretaria, a ciclofaixa da Rua Figueiredo de Magalhães, também separada da pista dos carros, continuará pela Rua Tonelero, em direção à Estação Cantagalo do Metrô e à praia. Em todas as ruas, onde as rotas cicloviárias não são separadas da via dos carros, será adotada a Zona 30, limitando a velocidade máxima dos veículos a 30 km/h.

Mauro elogia as ciclovias%2C mas acha que a sinalização deveria melhorarCarlo Wrede / Agência O Dia

Mesmo ordenada, a coexistência de automóveis e bicicletas em Copacabana preocupa alguns ciclistas do bairro. O trânsito, sempre pesado, pode ficar ainda mais estressante, avalia o o morador Marcelo de Oliveira. “Será preciso que, com o tempo, todos se acostumem a dividir um espaço que por si só já é caótico”, disse Marcelo. A CET-Rio informou ainda que o estacionamento de carros no sistema de vagas da prefeitura será mantido nas ruas com as novas rotas cicloviárias.

Reforma em Botafogo prevê 20 bicicletários e novos traçados

A combinação do uso da bicicleta com uma paisagem exuberante anda na garupa do vigia noturno Mauro Ribeiro, de 45 anos. Depois de trabalhar das 22h às 6h, ele dorme até o meio-dia. Ao menos três vezes por semana, o despertar é logo seguido por um passeio de bike pela ciclovia da Praia de Botafogo. “Gosto muito daqui. É um privilégio. Acho que temos uma boa ciclovia, inclusive em termos de segurança, mas a sinalização poderia melhorar”, comenta Mauro.

Dentro de 90 dias, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a faixa cicloviária da Praia de Botafogo e a ciclovia da Rua General Polidoro, no mesmo bairro, ganharão novos traçados. As mudanças são fruto de reivindicações de moradores e ciclistas da região.

Bicicletas pintadas no asfalto marcam novas rotas em CopacabanaCarlo Wrede / Agência O Dia

O projeto de revitalização da ciclovia da orla de Botafogo prevê também a instalação de 20 bicicletários, com 40 vagas, além de uma estação do sistema de aluguel de bicicletas Bike Ri, área de lazer para crianças e academia da terceira idade. 

A expectativa de um traçado alternativo anima o ciclista Amauri Miguel, de 38 anos, que pedala na Praia de Botafogo ao menos uma vez por semana desde o ano passado. “A mudança da ciclovia para contornar o Botafogo e a churrascaria ao lado deve deixar o caminho mais seguro do que a rota atual, próxima às pistas dos carros no Aterro”, acredita Amauri.

Planos de expansão para Maré e área do Transcarioca

Ainda este ano, a expansão da rede de ciclovias alcançará a Zona Norte, de acordo com Altamirando Moraes, subsecretário municipal de Meio Ambiente. “Estamos em fase de planejamento para levarmos as ciclovias para a região da Maré e para fazer a integração com algumas estações do BRT Transcarioca. A Barra da Tijuca também faz parte dos nossos estudos”, afirmou Moraes, responsável pela política cicloviária da cidade.

De acordo com a ONG Transporte Ativo, especializada em mobilidade urbana, Copacabana é o bairro campeão de uso da bicicleta na capital fluminense, com 60 mil viagens diárias. Por outro lado, a Zona Oeste,conta com a maior malha cicloviária da cidade.

Para Eduardo Bernhardt, consultor da organização, o desafio é ampliar a rede sem colocar pedestres e motoristas de um lado e ciclistas do outro. “No início, haverá algum impacto. Mas acredito que os motoristas, ainda que não gostam de perder espaço, vão aceitar a presença do ciclista, de maneira ordenada”, disse.

“Essa cultura está sendo construída no Rio de Janeiro. Nos anos 1990, muita gente reclamou do aparecimento das ciclovias na orla da cidade, mas acabou se acostumando”.
Eduardo Bernhardt acrescenta que, hoje, aproximadamente um milhão de viagens de bicicleta são feitas diariamente na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Reportagem de Paulo Maurício Costa

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