Rio - Ao completar três anos do início das operações do primeiro corredor BRT do Rio, 74% dos passageiros aprovam o sistema de transporte. Isso é o que mostra pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo próprio consórcio operador do BRT, que apontou que 25% estavam muito satisfeitos, dando notas nove ou dez, e 49%, satisfeitos, com avaliações de seis a oito. Outros 26% deram notas de zero a cinco (em escala de zero a dez) e se mostraram insatisfeitos.
Apesar de os resultados serem considerados positivos pelo consórcio, o nível de aprovação caiu em relação a outra pesquisa, realizada em 2013, quando o Transoeste era o único corredor em funcionamento — há 12 meses foi inaugurado o segundo, o Transcarioca. Na época, com um ano do início da operação, o Transoeste registrou 93%de satisfação em pesquisa do Instituto Insider. A popularidade baixou ainda mais se comparada só às opiniões de quem anda no Transoeste. A pesquisa atual mostrou que, entre os usuários deste corredor, a aprovação foi reduzida a 65% — taxa 28 pontos percentuais menor do que a de 2013. Nesse intervalo, a demanda pulou de 100 mil para 186 mil passageiros diários.
FALTA DE COMODIDADE
Na pesquisa atual, a falta de comodidade foi relatada como principal desvantagem do BRT para 69% dos usuários. Já o tempo de viagem foi apontado por 86% como a maior vantagem. Dos 3.621 entrevistados, 59% gastam até 30 minutos em cada deslocamento. O tempo médio é de 33 minutos. Para apenas 6% a viagem dura mais de uma hora.
A diretora de Relações Institucionais do Consórcio BRT, Suzy Balloussier, avalia que a falta de comodidade mencionada pode estar relacionada à lotação dos veículos e das estações.
“Estamos atuando em várias frentes, como, por exemplo, um novo esquema de organização das filas para dar agilidade ao embarque e desembarque. Com isso, as estações ficarão menos cheias”, explica.
Ela lembra que um sistema de programação automática da frota está sendo implantado, conforme o “Observatório” antecipou, o que promete regularizar os intervalos dos ônibus. Suzy ressalta que a prefeitura já admitiu que algumas estações do Transoeste foram subdimensionadas. A diretora também considera que o serviço tende a melhorar quando todos os corredores em obras estiverem conectados.
Avaliação é pior fora dos corredores
Se tivessem sido submetidas a um exame escolar, as linhas alimentadoras teriam sido reprovadas — ou passado raspando. A nota média desses ônibus entre os usuários do Transoeste e do Transcarioca ficou em 5,9. Apesar disso, 58% pontuaram o serviço de 6 a 10.
“As alimentadoras operam mais ou menos como o sistema de ônibus convencionais. A eficiência poderia melhorar com a implantação de BRS por onde passam essas linhas, já que o usuário ganha tempo no eixo do BRT, mas ainda perde para chegar à via troncal”, avalia Suzy Balloussier, do BRT.
Professora da UFRJ, a engenheira de Transportes Eva Vider considera que o sistema alimentador precisa ser melhor dimensionado pela prefeitura. “ Em algumas áreas da cidade, como Jacarepaguá, Freguesia etc., essas linhas não estão distribuídas de acordo com as necessidades das pessoas e não há quantidade suficiente de ônibus, o que contribui para a queda de satisfação do BRT”, avalia.
Nova linha ficou no papel
Em 2011, o prefeito Eduardo Paes prometeu que o BRT Transoeste ganharia ligação direta entre Alvorada e Campo Grande. Construída desde o ano passado, a estação Maria Tereza, que serviria a essa ligação, continua inutilizada. Para ir de Campo Grande à Barra, é preciso ir até Santa Cruz no BRT ou pegar um ônibus alimentador até Mato Alto. O custo médio de uma estação de BRT é R$ 1,5 milhão. A prefeitura informou ao DIA que a estação foi construída para atender a uma demanda futura e que não há previsão para a execução desse trecho.