Por tabata.uchoa

Rio - O projeto do BRT Transbrasil, que vai ligar Deodoro ao Centro do Rio, ignora importantes integrações com estações de trens e metrô existentes na região. Já a via expressa Transolímpica, entre Deodoro e a Barra, conta com 31 pontes e 25 viadutos que criam lugares que representam perigo à segurança dos pedestres e usuários do futuro BRT.

Uma gama de ameaças e oportunidades, como as citadas acima, referentes aos dois corredores para ônibus em construção no Rio e aos dois já implantados — Transoeste e Transcarioca — foi reunida em um mapa interativo de BRTs desenvolvido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP). As recomendações, segundo o documento, são de alta prioridade.

Estudo também identificou riscos à segurança viária em pontos do Transcarioca%2C como em BonsucessoErnesto Carriço / Agência O Dia

Entre as falhas apontadas na projeção do Transbrasil, o estudo critica que, apesar de estações do novo BRT estarem sendo construídas a 300 metros ou 500 metros das estações da SuperVia em Parada de Lucas e Barros Filho, respectivamente, e a 200 metros da Estação Coelho Neto, do metrô, a prefeitura não pensou em viabilizar nenhum tipo de ligação entre os meios de transporte.

“Seriam integrações importantes para consolidar a rede de transportes da cidade, oferecendo mais oportunidades possíveis para os usuários em termos de itinerários. Quando a gente fala em integração, estamos falando tanto em integração física quanto operacional, com ajustes de operações entre os sistemas e chegadas sincronizadas”, diz Iuri Moura, gerente de projetos BRT do ITDP.

Quanto à Transolímpica, o trabalho considera que a prefeitura errou ao construir uma via expressa para carros e não só o corredor exclusivo para ônibus. Por isso, recomenda que os projetos de melhoria dos entornos garantam a integração do sistema de BRT ao interior dos bairros por meio de deslocamentos a pé. “Tem que se tomar cuidado para não serem reproduzidos modelos que estimulem o uso do carro”, alerta o coordenador de Pesquisas em BRT do ITDP, Gabriel Oliveira.

O estudo também identificou riscos à segurança viária em várias estações do Transcarioca e Transoeste, sugerindo redesenho dos entornos, como em Madureira, Bonsucesso (foto) e na Av. das Américas. A CET-Rio vai analisar as propostas para possíveis incorporações.

Prefeitura já tem planos para entorno dos corredores

A Secretaria Municipal de Transportes informou que vai estudar as possibilidades sugeridas pelo ITDP de integrar o Transbrasil com as estações de trem em Parada de Lucas e Barros Filho e com o metrô em Coelho Neto. O órgão destacou que haverá integração com os trens em Deodoro e na Central do Brasil e, com o metrô, na Central e na Uruguaiana.

Outro forte apelo do ITDP é para que as áreas do entorno dos novos corredores recebam um plano de desenvolvimento orientado ao transporte, estimulando a criação de bairros de uso misto (residencial e comercial). “Cada vez mais os transportes têm de estar integrados a um planejamento que distribua melhor as oportunidades da cidade e que diminua as necessidades de deslocamento, evitando superlotação nos horários de pico”, afirma Gabriel Oliveira, do ITDP.

A Secretaria Municipal de Urbanismo sinalizou que elaborou uma legislação específica criando a Área de Especial Interesse Urbanístico da Avenida Brasil, com o objetivo de gerar condições legais para reutilizar prédios do entorno do Transbrasil em estado de abandono e permitindo múltiplas atividades. Segundo a pasta, também há planejamento em estudo para os entornos do Transolímpica, Transoeste e Transcarioca, este em tramitação na Câmara.

O público pode indicar, no mapa interativo, as ordens de prioridade para cada recomendação através do site itdpbrasil.org.br/mapainterativobrt.

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