Rio - A tecnologia em teste na Suécia para permitir que ônibus andem conectados por wi-fi, com apenas um motorista conduzindo pelo menos dois veículos fisicamente separados, foi avaliada por especialistas como possível, mas incompatível com a realidade brasileira. Ontem, o Consórcio BRT do Rio manifestou interesse na novidade para aumentar a oferta nos corredores rápidos.
“Existem dispositivos que possibilitam essa solução, mas o pedestre da Suécia obedece às leis de trânsito. Não é o caso do carioca”, alertou o engenheiro de Transportes Alexandre Rojas, da Uerj, preocupado com acidentes.
“A vantagem seria usar os ônibus padrões de forma articulada nos BRTs nos horários de pico e, depois, permitir que operem em linhas regulares. Esse veículo custaria menos que um articulado e aprimoraria a programação operacional”, analisou o vice-presidente da seção de Transporte de Passageiros da Confederação Nacional do Transporte, Otávio Cunha. Ele ressaltou a necessidade de sensores para impedir que o ônibus da frente arranque se alguém passar no vão entre os dois, que será de até 2 metros.
O presidente da Volvo Bus América Latina, Luis Pimenta, esclareceu que o produto só será lançado após aprovação em todos os testes (a previsão é 2018) e que a instabilidade do wi-fi no Brasil não interferiria na segurança, já que a comunicação de comando entre os ônibus não depende de rede externa. Segundo ele, o motorista não seria necessariamente eliminado e a tecnologia não é restrita a BRTs.
“Um condutor pode pedir autorização para se conectar a outro em trechos comuns do percurso e se desunir depois, reduzindo ônibus nas ruas. Todos os nossos veículos têm sensores”. Em nota, o Consórcio BRT informou que “acompanha com interesse o desenvolvimento de todo tipo de tecnologia para aperfeiçoar a operação dos corredores”.