Rio - As recentes manifestações da população em todo o Brasil já fazem parte da história. Porém, o que mais chama a atenção são os bastidores: as discussões que ganharam e ganham espaço nas internet, muito longe dos holofotes da grande imprensa. A crítica de que as redes sociais estariam criando um cidadão mais individualista, solitário e participativo, apenas por meio de cliques e ‘curtidas’, não faz mais sentido. Daqui para frente, esse modelo de troca e compartilhamento de informações, já muitas vezes criticado por especialistas e ou intelectuais, se coloca como uma mídia que definitivamente não pode ser ignorada, muito menos subestimada.
Mas quem está na base? Crianças, adolescentes e jovens. Não à toa, são eles que lotam e engrandecem as passeatas pacíficas, exigindo de tudo um pouco. Estão lá lutando por diversos ideais — seus, dos outros e de todo mundo. Engana-se que pensa que eles estão lá pela festa ou pela exposição. Estão lá porque trazem os mesmos desejos e sonhos de uma vida melhor para todos.
Se nada é por acaso nesta vida, é a hora de esta juventude olhar também para o microcosmo de suas escolas. É hora de atuar de forma democrática, responsável e madura em torno de seus grêmios estudantis, tão vazios, desarticulados e desestruturados. É hora de diretores e professores possibilitarem que estas ações, iniciativas e atividades sejam potencializadas, deixando de lado medos e apreensões do que possa significar a presença de alunos mais participativos, questionadores e pró-ativos na construção de suas próprias vidas.
Da mesma forma que o povo (todos nós) clama, nas ruas, por escuta, creio que, na escola, muitos alunos também gostariam de ser mais ouvidos. E por que não? Dentro de um processo de diálogo, pacífico e respeitoso, ponderando todos os lados, essa escuta precisa existir até mesmo para que a garotada exerça, e saiba exercer, da casa/da escola às ruas, os seus direitos e deveres.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia