Rio - O anúncio pela Agência Nacional de Saúde de punição a 21 operadoras, com multas e suspensão da venda de 212 planos, mostra que o governo está atento aos abusos e age com mão pesada na defesa dos direitos dos consumidores. A boa notícia traz um alento a todos que recorrem aos planos como tábua de salvação, e a expectativa é de melhora dos serviços com aperto na fiscalização.
Afinal, os números do desrespeito da recusa de atendimento por empresas na hora em que o titular ou dependente mais precisam são absurdos. Pelo desserviço, só este ano, já foram 618 planos de saúde de 71 operadoras punidos em mais de 33 mil registros de reclamações.
O quadro é assustador. Revela que a demanda crescente provocada pela falta de assistência digna não é exclusividade da rede pública, cada vez mais combalida. Atinge, perigosamente, as empresas médicas particulares, que têm adesão de quase metade da população do Estado do Rio.
Melhor seria que os problemas seculares do atendimento médico governamental — que incluem falta de investimentos, má gestão e roubalheira com desvios de recursos — fossem resolvidos de uma vez, garantindo assistência de qualidade igual para todos, ricos e pobres.
Contudo, a deficiência do setor público não pode ser desculpa para se transformar a saúde em balcão de negócios, onde o respeito à vida passa batido. Por isso, o que se espera é que o rigor na fiscalização continue a punir exemplarmente infratores do setor privado. Os 7,9 milhões de segurados agradecem.