Rio - Desde a instalação, a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Ônibus da Câmara de Vereadores do Rio mais colecionou revezes e polêmicas do que avanços e concórdia. A última foi a balbúrdia no plenário ontem, com cenas circenses como a sapatada na Mesa. Igualmente graves são as denúncias de envolvimento de funcionários do governo na confusão, como O DIA mostra hoje, e o caos generalizado dentro e fora da Casa — algo, contudo, que vem se repetindo ali nas últimas semanas. A tumultuada quinta-feira terminou com a Justiça intervindo, ao suspender os trabalhos da CPI.
Não tem como ir bem uma comissão que faz barulho mais pela própria composição e por suas questiúnculas internas e menos pelo objeto de investigação — conhecido vespeiro numa caixa-preta. Logo evocaram-se teorias de maioria e de equilíbrio parlamentar para referendar a controversa formação da banca apuradora — sem o apoio e os votos da base do governo, a CPI não sairia. Mas é preciso enorme exercício de imparcialidade e boa-fé para legitimar o grupo eleito para comandar os trabalhos. O esperneio do povo ratifica isso.
A Justiça deu 48 horas para que o Palácio Pedro Ernesto se recomponha. Não se sabe se o prazo bastará, pois os membros da CPI não estariam inclinados a abdicar. Mas tão improdutiva quanto essa bateção de pé é a ocupação violenta de um espaço público e de poder. Vandalismo, como reiteradas vezes sublinhado aqui, é fragorosamente ilegítimo. Nesse impasse, perdem-se tempo e energia, e os ônibus, para os quais deveriam dispensar a atenção, continuam no cipoal de irregularidades e desrespeito aos passageiros.