Por bferreira

Rio - Ando às tontas com a conjuntura brasileira. Na economia, os índices lembram uma gangorra. O dólar sobe, o Banco Central se empenha em abatê-lo, os investidores estrangeiros dão sinais de abandonar o barco Brasil, o governo acena com benesses e discursos otimistas.

Como denunciou o Papa Francisco, se a Bolsa cai, acende-se nas elites o alarme da inquietação.

e, em consequência, a miséria aumenta, quem se importa? Dois pontos a menos na Bolsa causam mais preocupação na mídia que duas mil pessoas levadas à morte por dia por falta de nutrientes básicos.

Até maio tudo parecia sob controle, com altos índices de aprovação bafejando o ego do governo. Até que as ruas transbordaram de manifestantes.

Houve melhorias em 10 anos de governo do PT? Sem dúvida. Aí estão os Índices de Desenvolvimento Humano dos Municípios divulgados pelo Ipea; a queda significativa do valor da cesta básica; o aumento da renda e da longevidade dos brasileiros.

O que sucedeu? Se tudo ia bem, por que tantos protestos nas ruas do país?

O governo subestimou o senso crítico do povo. Não criou canais de diálogo com os movimentos sociais, nem com a base aliada. Alegava falta de recursos para atender às demandas dos bens coletivos. O povo acreditou. Até que o Brasil se transformou num imenso parque desportivo: Copa das Confederações; Copa do Mundo; Olimpíadas e Paralimpíadas.

Ora, como não há dinheiro para qualificar a Educação e tornar acessível aos pobres o bom atendimento na rede de saúde?

Pior que um bando de vândalos sair pelas ruas quebrando o patrimônio público e privado é usar recursos públicos para alimentar a ganância da especulação financeira e quem enriquece graças às licitações fajutas e às obras faraônicas onde a corrupção grassa.

Escritor, autor de ‘Aldeia do Silêncio’ (Rocco)

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