Rio - Entidades de médicos têm criticado a importação de profissionais de saúde estrangeiros para trabalhar no interior do país. Já o Ministério da Saúde afirma que, a curto prazo, não há outra forma de levar assistência a regiões em que não existe médico.
Sindicatos e conselhos dizem que adianta pouco levar um profissional para locais em que não há infraestrutura. Defensores do programa lembram que, em que pese a precariedade das condições de trabalho, é melhor que haja um médico, mesmo que apenas com estetoscópio e termômetro, do que não haja nenhum.
Entidades médicas querem a transformação da carreira de médico em carreira de Estado, de forma a se criarem condições atraentes para os profissionais brasileiros irem para o interior. E lembram a necessidade de se investir em saneamento básico. O governo concorda, mas afirma que há uma situação emergencial e não se pode esperar para dar assistência a gente que nunca viu um médico em toda a vida.
Como se vê, há argumentos de um lado e de outro. É fato que a importação de estrangeiros não é solução definitiva para a falta de médicos no interior e que é preciso transformar a medicina em carreira de Estado, investir muito mais em saneamento básico e dar aos profissionais boas condições de trabalho. Mas é, também, fato que não pode esperar por isso para levar atendimento médico a quem não tem.
Dito isso, é inaceitável o comportamento de dirigentes dos médicos que ameaçam chamar a polícia para prender colegas estrangeiros ou que afirmam que não corrigirão um eventual erro médico cometido por um deles. Isso é falta de ética. Já os médicos que, em Fortaleza, receberam colegas cubanos negros aos gritos de “escravos”, estes são racistas mesmo. Com eles não há diálogo. Merecem nosso desprezo.
Wadih Damous é presidente da Comissão Estadual da Verdade e da Comissão de Direitos Humanos da OAB Federal