Rio - A invasão de hackers ao banco de dados da Polícia Militar este fim de semana, como O DIA detalha hoje, acontece dias após os chamados piratas da rede devassarem também informações privativas do Ministério Público estadual. A ação mostra até onde vai a ousadia dos criminosos cibernéticos e a falta de uma legislação mais dura que os puna. Se não demonstram o mínimo temor em expor dados pessoais de agentes da lei, o que será dos pobres e desprotegidos cidadãos comuns?
Os episódios acontecem no momento em que denúncias apontam o país e autoridades, incluindo a própria presidenta Dilma Rousseff, como alvos de espionagem americana pela rede. E deixam exposta uma realidade nada virtual.
Embora o Brasil seja o mais informatizado do continente, é o mais desprotegido, o mais desregulado. A ponto de, no calor das discussões há um mês sobre a bisbilhotagem americana, o ministro da Defesa, Celso Amorim, vir a público e dizer que há muito não usava a internet para assuntos importantes.
Mas a nossa notória vulnerabilidade pode começar a ter um fim. E o primeiro passo é a aprovação no Congresso de projeto de lei que há anos tramita na Casa. Cria o que hoje vários países já dispõem desde o nascedouro da internet, que é uma legislação e órgãos específicos para proteção dos dados pessoais.
Ao contrário do excelentíssimo senhor ministro da Defesa, milhões de usuários, empresas e instituições como a polícia e o Ministério Público — e a própria economia brasileira — não podem prescindir da internet. E torná-la mais segura passa a ser uma prioridade de governo.