Rio - A invasão ao banco de dados da Polícia Militar e a criminosa exposição de informações sigilosas de integrantes das forças de segurança deram forma a um cenário levantado neste espaço semanas atrás. Por mais justa que seja a indignação do governo brasileiro com as espionagens americanas, era mais urgente olhar para os sistemas e corrigir vulnerabilidades. Agora, o mal está feito: 50 mil homens da PM passaram a correr grave risco com o vazamento de suas fichas. O estado pediu desculpas, mas será preciso muito mais — e não apenas neste caso.
A presidenta Dilma passou a noite decidindo sobre o futuro da viagem, mês que vem, aos Estados Unidos. Ontem Obama lhe telefonou — não se sabe se para falar das arapongagens da NSA —, mas se apostava no cancelamento como posição de protesto. Atitude justificável, pois a operação americana, sobretudo na sordidez dos detalhes, vai de encontro ao que a diplomacia ensina.
Mas a repulsa diante desse caso será inócua se medidas concretas não forem tomadas com relativa urgência — e elas vão além de montar rede segura para comunicação institucional. O episódio da quebra do banco de dados da PM é vergonhoso. Expõe a fragilidade de computadores com informações sensíveis e, a rigor, abre brechas terríveis em outro pilar da sustentação de uma nação, a polícia. Não por acaso perguntam agora se hackers teriam a mesma facilidade para invadir outros sistemas e provocar mais danos.
E mais do que se preparar para se proteger de ataques cibernéticos, o Estado brasileiro deve se qualificar para investigar e punir seus autores.