Rio - O desmantelamento, na Favela da Maré, da ‘linha de montagem’ de veículos roubados — após a denúncia do DIA, na segunda-feira — foi enfim uma boa notícia envolvendo um enclave que ainda desafia a polícia. O complexo está na fila da pacificação, mas a existência do intrincado negócio deixa duas incontestáveis constatações: o mercado clandestino de carros e autopeças está aquecido, e as forças de segurança andam falhando nesse setor.
Dois fatores que são interdependentes. Se há quem compre, existe demanda de matéria-prima, o que alimenta o perverso crime de furto e roubo de veículos, ações frequentemente violentas e com saldo macabro. Houvesse policiamento ostensivo, talvez o suprimento de carros para a ‘linha de montagem’ fosse interceptado. Mas a sucessão de ocorrências mina a sensação de segurança — patrimônio, como reiteradas vezes exposto neste espaço, custoso de se construir, mas fácil de se perder.
Investigações da Polícia Civil levaram às ‘oficinas’ e à complexa rede de clientes e fornecedores, que garantem até o emplacamento pirata. Provas preocupantes da sofisticação do serviço, que só pode ter crescido tanto sem a importunação da polícia. Espera-se que a ação de segunda-feira seja a primeira de muitas, até porque os responsáveis ainda estão soltos e podem voltar a atacar.
É cristalino que o combate à violência é quase um organismo, obrigado a se ajustar às demandas e aos desafios, porque por igual adaptação passam os criminosos. Uma atividade ilícita prospera quando não encontra obstáculos. É dever da polícia asfixiá-las em qualquer situação.