Por bferreira

Rio - Farol da diplomacia, a Organização das Nações Unidas tem na abertura anual de sua Assembleia-Geral o ponto alto do respeito entre os países que a compõem. Nesse dia, desavenças históricas e rusgas de ocasião encontram uma trégua, na qual líderes dividem o mesmo teto. O Brasil, por ter sido o primeiro signatário da convenção que fundou a ONU, tem a honra de iniciar os trabalhos, cabendo ao seu chefe de Estado, pela terceira vez a presidenta Dilma Rousseff, o discurso inaugural. Esperavam-se para o de ontem menções ao incômodo com a espionagem americana. Dilma foi além e fez a mais contundente crítica ao episódio até agora. Grata surpresa.

As palavras da presidenta reforçam com tintas fortes o descontentamento do Brasil em relação à arapongagem avalizada por Obama — que estava na ‘coxia’ do plenário e não assistiu à primeira fala do dia. A postura começou a ser desenhada quando Dilma decidiu cancelar a visita de Estado aos Estados Unidos — na qual todos os rapapés pareceriam hipocrisia. A desistência já não seria o suficiente? Era necessário esse tom?

A ONU, repita-se, é a casa da diplomacia. As medidas desnudadas por Snowden e Greenwald, a despeito das fracassadas tentativas do governo americano de minimizá-las, expõem práticas despóticas, como a mira nos dados da Petrobras — o oposto do que tenta se pregar na Assembleia-Geral. É importante que as nações escrutinadas revertam a maré resignante oriunda da superpotência: a todo o custo, os Estados Unidos tentam passar a noção de que “é assim mesmo”, que “é necessário para o bem do planeta”. Existem meios democráticos de assegurar a paz.

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