Rio - A despeito de todos os alertas e previsões, ações concretas de prevenção contra os estragos das mudanças climáticas ainda são tímidas. Em escala global, parece haver uma acomodação que joga para gerações futuras o enfrentamento da questão. No Brasil, onde também majoritariamente se compartilha dessa despreocupação, há o agravante da negligência histórica dos governos — como se observou na tragédia das chuvas na Região Serrana em 2011.
Posto isso, é prudente olhar para o que aconteceu semana passada no interior paulista: o furacão que dizimou Taquarituba pegou todos de surpresa e evidenciou quão despreparado o país está para fortes intempéries de curta duração — fraqueza explícita também nas trombas d’água que inundam as cidades e provocam deslizamentos de terra.
Esse fenômeno e mudanças recentes no clima do Estado do Rio foram mostrados ontem pelo DIA. Na capital, ondas de frio atípicas desafiam os modelos meteorológicos e acendem um alerta para a imprevisibilidade do tempo. Já não é seguro, diante das novas condições, afastar a possibilidade de haver aqui ventanias extremas como a que acabou com Taquarituba.
E há ainda os cenários de médio prazo, com a quase certa elevação do nível do mar. No Rio, a subida das marés trará consequências sérias, e não apenas na orla. A Baixada, cortada por diversos rios, também sentirá os efeitos, com inundações que avançarão Baía de Guanabara adentro. Não convém esperar a água chegar para combatê-la. Do mesmo modo que existem outras medidas que podem ser feitas já para evitar o pior depois.