Rio - As lamentáveis cenas desta terça-feira na Cinelândia indicam que o impasse entre professores e governo tomou o pior dos rumos possíveis. Não se sabe qual imagem ficará como a de mais triste memória: a da Câmara isolada por grades ou a de policiais batendo em professores. Quem assistiu ao desenrolar da tarde de ontem guardou a impressão de que docentes foram tratados como bárbaros.
Como se chegou a esse ponto? Como se permitiu esgotar o diálogo? Como a intransigência venceu a concórdia e o bom senso? Perguntas que devem entrar na pauta de todos os lados — mestres, polícia e prefeitura —, porque a situação parece ainda longe de chegar a uma solução.
É imperioso rever, para que se evite a todo o custo que se repita, a imagem aérea do Palácio Pedro Ernesto protegido tal qual um castelo medieval cercado por fosso. Evoca épocas tenebrosas, quando a ‘revolução’ levou a política à inanição. Uma república livre é legitimada por seus poderes, que jamais podem se esconder do povo ou impedir sua participação nas grandes decisões. Da mesma forma, paralisar os trabalhos do Legislativo, como se configurou no sequestro do plenário semana passada, em nada contribui para as negociações em um regime democrático.
A brutalidade contra professores, cuja maioria protestou de modo pacífico, não pode ficar impune. Também é fundamental que ambos os lados se desviem da arrogância para restaurar o diálogo, que busquem alternativas e fechem ouvidos ao canto da sereia da intolerância. Os mais lesados nessa guerra, é claro, são os alunos, a um triz de perder o ano letivo.