Rio - Lamento a reincidência de um aliado do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, no noticiário nacional por conta de denúncias de corrupção no Ministério do Trabalho. Esses fatos terríveis me fazem lembrar de uma frase que Leonel Brizola, meu saudoso avô, gostava de dizer e que define esse momento da política nacional: “Estou pensando em criar um vergonhódromo para políticos sem-vergonha, que ao verem a chance de chegar ao poder esquecem os compromissos com o povo”.
Como herdeiro do trabalhismo, em 1980 ele criou o PDT, legenda ligada à sua figura íntegra e nacionalista que trouxe novidades na esquerda brasileira, falando de socialismo democrático e pluralidade ideológica. Teve em seus quadros negros, índios e mulheres.
Brizola teve qualidade que hoje no Brasil é rara: uma capacidade extraordinária de doação para uma causa que fosse pública. E tinha uma imagem incorruptível, apesar de ter sido o político mais investigado do Brasil. Tentaram encontrar qualquer falha dele para desmoralizá-lo. Jamais conseguiram nada.
É lamentável que as denúncias no Trabalho estejam voltando. Tudo já era sabido por conta das práticas do Lupi como ministro, que já havia caído lá atrás. E não é positivo que ele se perpetue como presidente do partido. Defendo um projeto coletivo do PDT. Temos um estatuto datado que não foi feito por Brizola, mas para Brizola, porque ele era um líder perseguido, que estava formando um partido, vinha de uma ditadura. Perdeu a sigla do PTB para a Ivete Vargas, e o Garotinho tentou tirar o PDT do meu avô. O presidente do PDT não tem representação popular. Senão vamos nos transformar em um partido de cúpula, cartorial, onde se negocia a legenda conforme interesses pessoais. Vejo muito mais a base defendendo as bandeiras dele do que a cúpula, que apenas deseja negociar o PDT.
Deputada e líder do PDT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul