Rio - Infelizmente o magistério estadual e municipal do Rio, a pouco mais de uma semana do Dia dos Professores, tem quase nada a comemorar. A intransigência de nossos governos diante do pedido dos profissionais da Educação para abrir um canal de negociação ameaça fazer desta efeméride um dia de tristeza.
O diálogo tem sido pleiteado não apenas pelos professores, mas também por parlamentares, como eu, que vêm insistentemente tentando estabelecer um acordo com as autoridades.
A resposta do governador Sérgio Cabral tem sido sempre a mesma: silêncio ou truculência. Há quase um mês, grupo de professores da rede estadual está acampado nas escadarias da Alerj para lembrar a todos, parlamentares, Executivo e sociedade, que a voz das ruas e dos professores não chega ao Palácio Guanabara.
Os professores do município enfrentam situação ainda mais revoltante. A PM de Cabral tenta calar à força categoria historicamente mal remunerada que luta não apenas por salários, mas também pela qualidade da escola pública. Contra a voz dos professores a PM usou cassetetes elétricos, bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e balas de borracha. Militares ainda estão sendo acusados de armar flagrantes contra manifestantes.
Como se isso não bastasse, a ampla maioria governista na Câmara dos Vereadores não se constrangeu em aprovar um plano de cargos e salários para os professores rejeitado pela categoria. Mais uma vez trabalhei pelo diálogo, integrando um grupo de deputados federais e estaduais e de vereadores que tentaram fazer com que o prefeito ouvisse os professores. Não tivemos sucesso. Uma pergunta ficou no ar: a quem interessa um plano de carreira para o magistério da rede municipal que não atenda os professores?