Por thiago.antunes

Rio - Os embates entre policiais e professores na semana passada mostraram novos exemplos de destempero das forças de segurança, com o uso quase sádico das ‘armas não letais’ — como se alguém atingido por spray de pimenta pudesse sair tranquilamente após um jato no rosto. Mas dos confrontos sobressaíram casos inaceitáveis de desprezo ao cidadão. Listam-se o morteiro ‘plantado’ para incriminar um jovem sem máscara e a postagem controversa de um militar que, diante do cassetete quebrado, parecia satisfeito com o ‘cumprimento do dever’.

EVIDENTEMENTE, a imagem da Polícia Militar, que já não era das melhores desde os eventos de junho — com as esquizofrênicas atuações, ora sufocantes, ora lenientes —, afundou-se ainda mais com os episódios acima. O disparate, porém, fica mais nítido quando se recordam falas do comandante-geral, coronel Luís Castro, sobre o ‘Batalhão de Grandes Eventos’. O líder da tropa disse para O DIA que grupo específico seria criado e treinado para lidar com manifestações e afins. Era uma necessária resposta da PM a situações antes inéditas que se tornaram comuns.

QUESTIONA-SE o escopo da medida. Talvez um batalhão seja pouco. Taí o caso Amarildo, com os dez policiais presos — com a ‘versão fantasiosa’, segundo as investigações —, para reforçar ainda mais a necessidade de reciclagem do efetivo. Não no sentido de obrigar os quadros a passar por cursinhos, mas com a intenção de oxigenar a corporação para valorizar os bons profissionais e lutar por melhores condições. A PM tem tantas reivindicações quanto os professores. Mas, enquanto estiver contra a população, dificilmente terá o apoio dela.

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