Por tamyres.matos

Rio - A concepção do transplante vem de tempos mitológicos, presente em passagens bíblicas como a de São Cosme e São Damião, considerados padroeiros do transplante. Sabemos hoje que é procedimento de alta complexidade, mas ali nascia o conceito da prática. A medicina vem avançando em todas as áreas, mas ainda não foi capaz de reproduzir um órgão com suas funções integrais.

O primeiro transplante de sucesso foi realizado em 1954, nos EUA. No Brasil, o pioneiro aconteceu dez anos depois, no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio. A atividade evoluiu, e os últimos cinco anos foram marcantes para o país, que se tornou o maior sistema público de transplante do mundo. Porém, estima-se que sejam realizados apenas 40% da demanda anual de transplantes renais e 30% dos hepáticos.

Em 2012, o governo do estado lançou o Programa Estadual de Transplantes e traçou plano estratégico que reestruturou a Central de Transplantes e implantou o Disque-Transplante (155). Também vem estimulando a criação de Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos, habilitação de novos centros, investimento na capacitação de profissionais, abertura de dois Bancos de Olhos, pioneirismo em atividades de perfusão renal, abertura do Centro Estadual de Transplantes e Hospital Estadual da Criança e, por fim, lançamento das Organizações de Procura de Órgãos.

Com estrutura reorganizada, o Rio triplicou o número de doadores (de 69, em 2009, para 221 em 2012), passou da lanterna para o 2º lugar no país e aumentou o número de transplantes de órgãos de 296 em 2009 para 531 em 2012, e criou estrutura capaz de zerar a fila de espera de córneas nos próximos três anos.

Doar um órgão é um ato de amor ao próximo, e todos devemos pensar e refletir em como podemos ser importantes na vida de quem espera. Basta dizer sim.

Rodrigo Sarlo é médico nefrologista e coordenador do Programa Estadual de Transplantes

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