Rio - Fui à manifestação dos professores no dia 1º, no Centro do Rio. Fui, anônimo, como cidadão que sempre esteve ao lado das lutas do povo, prestar minha solidariedade. Quando eu e um velho amigo do PT falávamos sobre a ausência do partido nas manifestações, fruto da burocratização que acomete o partido no Rio, estouraram bombas de gás lacrimogêneo, e a tropa de choque da PM veio pela Rio Branco em nossa direção. Me espantou a violência indiscriminada, gratuita e generalizada, da PM; choveram bombas, que atingiram manifestantes e pessoas que tentavam voltar para casa.
Também estive, em junho, em dois dos atos que encheram as ruas do Rio de jovens em busca de expressão política para sua indignação. Nas duas vi coisa esquisita: jovens marombeiros, meio estranhos, os black blocs. Mascarados, com paus, pedras, correntes e outros apetrechos de briga, roupas pretas. Seguiram a manifestação e, quando as lideranças deveriam falar, quando os jovens poderiam fazer ouvir suas reivindicações, os idiotas de preto começaram a brigar com a PM, que com muito gosto começou a distribuir cacetadas e gás.
Há uma aliança esquisita entre esses facistoides do Black Bloc, a PM e o governo que a comanda. A polícia, treinada para o ‘prendo e arrebento’, aproveita para ‘descer o pau’; o governo fica feliz, pois interessa a violência para que as reivindicações sejam abafadas por bombas e vitrines quebradas. Assustam-se também o povo e os jovens, reduzindo a adesão às passeatas; e os provocadores de preto parecem se sentir felizes em apanhar, quebrar vitrines e deslegitimar as manifestações.
Fui do tempo em que o PT e a esquerda dirigiam os movimentos sociais. Hoje o povo que vai às ruas mobiliza-se por diversas fontes, não crê nos partidos e nas organizações estudantis; a esquerda ou é lunática ou está burocratizada. Mas há uma coisa inegável: quem quer a mudança social deve estar ao lado destes movimentos, porque suas motivações são legítimas, e seus sentimentos, progressistas, por mais que não exista pauta organizada.
Uma pauta de reformas tem que surgir das ruas, para impulsionar o que todos queremos no Brasil: ações que melhorem a vida do povo e construam um país mais igualitário. Essa aliança entre jovens, povo, a esquerda e todos que querem liberdade política, mais igualdade econômica e solidariedade, é possível. Mas essa aliança da PM com os black blocs é uma coisa esquisita!
Prefeito de Maricá e candidato a presidente estadual do PT