Rio - A sociedade precisa condenar com veemência os atos que levaram à barbárie na Cinelândia nesta segunda-feira, após manifestação de professores. Não há ideologia ou resistência que justifique a ação incendiária que destruiu um ônibus. Os cariocas, especialmente os trabalhadores, estão cansados de conviver com essa prática, uma marca registrada de traficantes que têm o intuito de disseminar o terror. São irrelevantes, neste momento, as motivações dos grupos de baderneiros — sejam black blocs, infiltrados, agitadores ou românticos que, sem noção, glamourizam o banditismo.
Dentro desse cenário, é no mínimo intrigante a postura paradoxal de parte das lideranças do movimento grevista. De início se apressam para ressaltar que os docentes nada têm a ver com os vândalos de sempre, mas hesitam em condenar a bestialidade que se sucedeu ao fim do ato, como se tacar rojões contra a Câmara e destruir bancos legitimasse a causa. Obviamente que não, e a categoria deveria, sem indecisão, rechaçar os mascarados. Desperdiçam o apoio popular, que perdeu a força desde o início da greve, ao tolerá-los.
Cinelândia destruída, é hora de exigir às forças de segurança que investiguem para valer os responsáveis pelo crime. Não só para pôr fim ao prejuízo, mas principalmente porque na próxima eles podem queimar pessoas. É ingênuo achar que o vandalismo é aleatório e acéfalo. Mais uma vez: já não importam as razões para a barbaridade. Fundamental é chegar aos líderes e estabelecer o Estado Democrático de Direito, que garante a prerrogativa das manifestações — desde que dentro dos limites de respeito à cidadania.