Por bferreira

Rio - A outorga do Prêmio Nobel obedece a três premissas: relevância, projeção e coerência. Lobbies e torcidas não necessariamente têm influência nas decisões da Academia Sueca, que se pauta muito mais pelo legado das ações do que pelo barulho que podem fazer. Nas ‘categorias científicas’, por assim dizer, sobressaem as descobertas de importância indelével na história. No de Literatura, reconhecem-se a diversidade dos ganhadores ano a ano e o alcance de suas obras. No Prêmio Nobel da Paz, indiscutivelmente o mais célebre da coleção, o trabalho feito até então conta muito, mas é justamente a inspiração para ações futuras o que vale mais. Dito isso, ponto para os suecos, que destacaram o trabalho da Organização para a Proibição de Armas Químicas na Síria.

O dinheiro entregue aos vencedores sai de um fundo cuja origem vem da descoberta da pólvora. O ‘avanço’ científico logo desencadearia série de desgraças; o prêmio, portanto, surgiu para estimular pesquisas mais nobres à humanidade. A luta global contra as armas químicas encerra com perfeição os alicerces da comenda. Está-se diante do provável futuro das guerras, onde dispositivos relativamente simples e de comprovada disseminação pelo mundo, apesar dos tratados, podem aniquilar exércitos e cidades. Quem se dispõe a procurá-las ou a impedir seu desenvolvimento merece muito mais do que dinheiro e aplausos: precisa de apoio. E o Prêmio Nobel da Paz endossa esse suporte.

Cabe destacar que o justo vencedor não carece de holofotes, muito menos pressões. Seu trabalho, mesmo nos bastidores, fará a diferença no mundo no futuro.

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