Rio - Votar projetos de lei é uma das atribuições primordiais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Alerj. Mas esse papel básico da Casa, que é o de legislar, criar leis fundamentais para o estabelecimento de uma sociedade e a promoção do bem-estar de seus cidadãos, não vem sendo cumprido à risca por uma expressiva parcela de nobres deputados eleitos pelo povo do Rio de Janeiro.
Não que as sessões sejam acaloradas (como deveriam ser) com intensos debates, postergando votações de matérias do interesse público. Mas pela famigerada gazeta promovida por parlamentares que esvaziam o plenário e deixam a sessão sem o quorum necessário para apreciação de propostas, como mostrou ontem reportagem do DIA. E assim, embolsam seus polpudos salários no fim do mês e pensam ludibriar o povo. Ledo engano.
É inaceitável que num momento em que milhões de cidadãos saem às ruas justamente para gritar ao Estado por respostas imediatas aos seus anseios — entre elas uma postura digna da classe política —, parlamentares da Casa fluminense façam ouvidos moucos a esse clamor e se prestem a esse desserviço e estelionato eleitoral.
Sim porque, ao se ausentarem de uma das tarefas mais importantes enquanto legisladores, negam a representatividade da população à qual foram investidos no cargo pelo voto. Os protestos já deram um sonoro não à velha política do mau hábito de se prometer antes e não cumprir depois. Tem político na Alerj que não entendeu o recado. O de que o povo já cansou de ser enganado. Está de olho em cada um. E ficar surdo e estrábico a essa nova realidade é cometer suicídio político.