Por bferreira

Rio - A derrubada da Perimetral vai figurar entre as grandes intervenções no traçado do Rio. A ela equiparam-se a abertura da Avenida Presidente Vargas, a construção do Aterro do Flamengo, a escavação do metrô e a inauguração das linhas Vermelha e Amarela. O bota-abaixo do elevado, cercado de polêmicas e paixões entre os cariocas, é passo fundamental para a revitalização da Zona Portuária, hoje uma das áreas mais degradadas e insalubres da cidade. Mas a interdição prevista para hoje, depois embargada pela prefeitura a pedido do Ministério Público, trouxe justificada apreensão.

Há uma semana, combinação de dois eventos paralisou o município: véspera de feriado e incidentes com bandidos na Avenida Brasil. Foi o bastante para criar um megaengarrafamento que se estendeu da Barra até o fim da Ponte. A noite de anda-para para milhares de cariocas mostra que a cidade está estrangulada e trava a qualquer imprevisto de menor monta. Em dias ‘normais’, o congestionamento de praxe é certo.

Ainda que se jure que a interdição da Perimetral se dê por partes, a alteração de fato carece de precauções. O transporte público ainda não é pleno e passa por ajustes; e a dependência ao automóvel segue alta. Por isso, na maior parte do dia, o trânsito no Centro flui de forma sofrível, e mexer numa das poucas vias livres — exceto em feriadões — sem oferecer alternativas confiáveis é temeroso.

O Rio precisa de uma nova Zona Portuária e não vai se ressentir em derrubar um monstrengo como a Perimetral. Mas já perdeu R$ 27 bilhões com o tráfego pesado em 2012. Não pode se dar o luxo de torrar mais.

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