Rio - Nosso interior é um emaranhado de emoções. Constantemente experimentamos sentimentos bons e ruins, que ecoam em nossa forma de agir e reagir no cotidiano. Enquanto amar, de uma forma geral, nos proporciona bem-estar, alegria e paz, odiar alguém nos desestabiliza. Por quê? Porque o ódio é um sentimento intenso de raiva, que se traduz por antipatia, aversão, desgosto, rancor, inimizade ou repulsa contra algo ou alguém. Como lutar, então, contra esse sentimento, que costuma ser tão forte?
Na ‘Oração da Paz’, atribuída a São Francisco de Assis, como vimos semana passada, a gente pede ajuda a Deus para conseguir se vencer: “Onde houver ódio, que eu leve o amor.” Mas por que se vencer? Como o ódio é um afeto que nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes, gerando mágoa crônica, angústia e frustração em quem o sente, ao ponto de, muitas vezes, consumir o equilíbrio interno, a melhor alternativa para evitar essa fadiga é não alimentar o sentimento com as emoções negativas que o nutrem.
Se buscarmos conhecer a vida dos santos, vamos notar que cada um deles buscou combater suas más inclinações com atitudes amorosas. Buscar viver assim é optar por ser cristão autêntico. Pois o próprio Jesus orientou no Evangelho (MT 5,44-48): “Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai”.
Outra coisa: a quem o ódio prejudica, a não ser a quem o sente? O outro, a quem direcionamos nosso sentimento negativo, não tem nada alterado! Ao odiarmos alguém apenas desperdiçamos energias! Há pessoas que odeiam tanto que vivem em função desse ódio, buscam vinganças e deixam sua própria vida à margem... Elas até adoecem, porque ficam anos e anos nutrindo com emoções negativas esse sentimento. E as emoções negativas corrompem o interior dos indivíduos! É preciso não se cansar de pagar o mal com o bem. São as atitudes concretas de amor que vencem, em nós e nos outros, o ódio.
Levar amor, falar de amor, inspirar amor a uma pessoa que sente ódio por outra é relativamente fácil, se comparado a levar amor ao nosso interior, quando as emoções despertadas já incitam em nós o ódio. Por isso mesmo, precisamos da ajuda de Deus. É a partir de nós que o amor chega à vida do outro (e até mesmo a transforma!). Eu não quero me negar a oferecer amor a ninguém. Pois, como ensinou Padre Pio, posso ser luz, já que “o amor nada mais é que o brilho de Deus nos homens”. E você, aceita se unir a mim para brilhar? ‘Tamu junto!’
Padre Omar é o Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado. Faça perguntas ao Padre Omar pelo e-mail padreomar@padreomar.com
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