Rio - Martelo batido, é hora de começar a trabalhar. O leilão de Libra, como quase tudo no país, foi e será alvo de uma improdutiva e simplista dicotomia que molda os fatos de acordo com a conveniência. O governo desde o início defendeu o modelo do remate e saiu satisfeito. Já a oposição e parte dos sindicatos dizem ver a operação como crime de lesa-pátria e afirmam que o pregão foi um fracasso. A pinimba não terminará com a assinatura do contrato. O que não pode é o Brasil continuar lucubrando sobre uma inquestionável fonte de riqueza sem entrar em ação para extraí-la.
As dimensões do campo são tão impressionantes que nenhuma empresa, sozinha, teria condições de operá-lo. Neste ponto, o leilão era imprescindível. O resultado foi positivo porque estão no jogo companhias com larga experiência na exploração, caso da Shell e da Total, e o robusto capital chinês. A composição do consórcio compensa o fato de ter sido este o único a apresentar proposta.
Adiar o remate ou insistir em lamúrias românticas poderia fincaria o país no atraso. Em se tratando de combustíveis fósseis, tempo é mais do que dinheiro — é vital. Isso porque o mundo procura alternativas, como o novo e promissor gás de xisto e fontes mais limpas de energia.
Logo, a riqueza do pré-sal não poderia mais esperar, e o Brasil tem de se preparar. Com a miríade de barris virá uma megaenxurrada de empregos — que demandará especialização —, mas também surgirão questões colossais de defesa ambiental e infraestrutura. O país tem capacidade para atender a tudo. Para isso, era preciso avançar. E avançou-se.