Por tamyres.matos

Rio - O momento é bastante delicado para a segurança pública. UPPs passam por graves crises de credibilidade; arrastões, tiroteios e roubos aumentam indiscriminadamente; e policiais expressam um repulsivo desprezo pelo cidadão. O robusto legado construído nos últimos anos não se derruba da noite para o dia, mas os sucessivos incidentes exigem reação imediata da cúpula do governo do estado, que se atém a um discurso retórico pouco eficaz.

Não há eufemismos, por exemplo, que consigam reinterpretar o que se sucedeu em Copacabana sexta-feira. Tiroteio intenso e prolongado apavorou moradores do Pavão-Pavãozinho e impôs luto a parte do comércio do bairro — situações comuns de um tempo em que o tráfico mandava e desmandava em diversas comunidades. Não devia ser essa a realidade de uma favela que consta entre as primeiras pacificadas.

A teoria do ‘caso isolado’ perde força na medida em que outras áreas de UPP vivem, em maior ou menor grau, problemas semelhantes. É na Rocinha o exemplo mais gritante, com os sórdidos detalhes do caso Amarildo, de cujo corpo — a que tudo indica brutalmente torturado — ainda não se tem notícia.

Os índices de violência sobem organicamente, o que arranha ainda mais a reputação da segurança. E declarações, involuntárias ou não, como a do “foi mal, fessor” ou a daquele que “prefere lidar com vagabundo” aumentam ainda mais a sensação de afastamento, ou quiçá abandono, de uma força que deveria se esforçar em fazer o contrário. O Rio lutou muito contra o crime e não merece que o jogo vire a esta altura.

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