Rio - Estou em Londres. E daí? É apenas um GPS pra justificar o título da crônica. Sinceramente, mesmo não bebendo beers (cervejas), assisti a inúmeras trocas de barris da Guinness nos elegantes pubs com bêbados feito os “habitués” dos nossos dirty feet (pés sujos). A chuva me impediu de fotografar a dança dos soldados de altos quepes negros, verdadeiros Tony Tornados da guarda imperial, no ritual diário em reverência à Rainha.
Previno que comer e beber custa um troco, os olhos da cara, diria meu avô diante de um menu incompreensível. À procura de novidades, arrisquei um pato na grelha, o peito. Na hora do pay the bill (a dolorosa), um susto digno de Hitchcock:
— Mataram o Pato Donald!
Torneiras de drafts (chopp) brotam dos balcões centenários. Um guia de grossas páginas aponta um bar em Greenwich como o preferido do escritor Charles Dickens, autor do clássico “David Copperfield”. Desço o underground (metrô) pra checar as últimas indicações sobre o itinerário, e um lord, educadíssimo, comenta que o romancista bebia muito em Picadilly Circus, uma taberna de pouca luz e muito álcool. Eufórico com o meu interesse, mostra no mapa o bairro de Liverpool, antes dos Beatles, e, com o dedo na latitude, me confidencia:
— Quando a charrete aguentava a distância, Dickens também batia uma bolinha por lá!
Pensei baixinho: “Esse sujeito bebia mais que o Adriano”.
Desisti. Encaro a primeira adega que encontro na street (rua) e peço um vinho da casa.
Na primeira taça, a visão dos uniformizados militares da veneranda Queen Elizabeth. Lembro da minha cidade, distante apenas na geografia. Uma frase surge do cabernet frutado:
— A troca da guarda afastada da UPP.
É, pode ser. Próxima parada, Praga. No bom sentido, claro.