Rio - A clássica lei da oferta e da procura é insuficiente para explicar a sanha gananciosa dos donos de carros-pipa neste fim de semana. Como O DIA mostrou ontem, houve quem pagasse ágio de mais de 10.000% por um tanque de 15 mil litros. A inflação líquida não evidencia apenas o oportunismo de meia dúzia de pipeiros: também escancara o vácuo administrativo em torno do serviço. Agora todos correm para tentar resolver a questão. Mas o prejuízo dificilmente será ressarcido.
A Cedae foi a primeira a lavar as mãos. Apelou-se para uma evasiva “falta de regulamentação”. Curioso: nessa linha, qualquer um pode chegar à bica da Presidente Vargas, encher o tanque e cobrar quanto quiser. Numa cidade onde não foram poucos os prédios que contavam três dias de torneiras secas, a demanda estava garantida. A chiadeira, contudo, também foi inevitável.
Agora, as autoridades precisam correr para identificar os responsáveis pelos preços absurdos. A ação da polícia e do Procon não apenas vai pegar gente que atentou contra a economia popular, mas provavelmente também sonegadores — é quase certo que ninguém passou recibo do reajuste exorbitante.
No mais, é de se esperar da Cedae que cuide bem de sua tubulação e faça uma distribuição equânime. Afinal, foi para isso que se desligou por um dia inteiro o supersistema de Guandu. O verão se aproxima, trazendo um aumento colossal da demanda. A alta estação passada registrou várias reclamações de torneiras secas, sobretudo na Baixada — que paga a mesma conta que qualquer outro contribuinte do estado.