Rio - Na supersônica guinada rumo ao chão, Eike Batista, que há bem pouco tempo intencionava ser o homem mais rico do mundo, viu confirmar-se a mais dura derrota de sua controversa trajetória. O pedido de recuperação judicial da OGX, sua “mais preciosa” subsidiária, pode não ser a pá de cal nas ambições do empresário — que tem como reerguer-se, mesmo que modestamente —, mas deixará sequelas. Não só no Império X, mas sobretudo no ‘jogo de pôquer’ das ações e dos empréstimos.
É cedo para cravar se Eike agiude má-fé ou se foi um ingênuo deslumbrado e otimista. Impossível negar, porém, que a especulação ditou cada passo da alavancagem de suas empresas. Eike não começou do zero: contou com a fortuna do pai para crescer. Em meados da década passada, quando atingiu o auge, distribuía boas notícias. Ora as produzia, com milionárias doações, ora as garantia, com projeções invariavelmente superlativas e brilhantes. Muita gente acreditou, mas hoje, com as revisões para baixo das metas das atividades do conglomerado, lamenta ter esquecido o ditado popular: não é ouro tudo que reluz.
A pior punição a Eike já está em curso: a incineração da EBX. Pedir algo além disso dependeria de profunda e ampla alteração do capitalismo, o que dificilmente acontecerá. O mercado, porém, pode e deve ficar mais atento às ilusões disfarçadas de promessas e conter a euforia. O ex-bilionário é mestre em provocá-la e graças a este dom abocanhou milhares de pessoas e milhões de reais. Agora se sabe, da pior forma, que não existe dinheiro de graça. Há um custo para tudo, e no Império X a conta, antes camuflada, veio implacável.