Rio - Motivada por desvios de meio bilhão em São Paulo, a TV chegou a perguntar: “Estaria o Brasil perdendo a guerra contra a corrupção?”. Eu respondo: “O Brasil só perderá essa guerra se quiser”. Voltar o rancor exclusivamente contra o servidor corrupto, embora compreensível, não resolve problema nenhum. Afinal, se a vida fosse como num filme de mocinho, bastaria chamar o John Wayne: ele eliminaria os bandidos e todos viveríamos felizes para sempre. Infelizmente, o fenômeno da corrupção é bem mais complexo.
Por que não desviamos o olhar para a questão política, para as regras de financiamento de campanha? Se a eleição de um vereador pode exigir mais de três milhões, não se pode esperar que a Madre Teresa de Calcutá esteja entre os candidatos. Alguém vai querer receber esse dinheiro de volta. E alguém vai colocar um cabresto nesse político. Afinal, pagaram por isso.
Outro ponto: ninguém dá atenção ao corruptor, o outro lado da moeda desse crime vergonhoso. Pense comigo. Se você tem serviços tão ruins, será que a causa não estaria naquela empresa que mexeu os pauzinhos para ganhar uma licitação na marra?
Vejamos também o papel do controle, remédio que ora cura, ora mata. O controle negativo tem nome: burocracia. Os governos, no afã de controlar tudo, acabam não controlando nada, apenas infernizam a vida de todos. E aí, com uma dificuldade criada aqui, alguém venderá facilidade ali. Você deveria exigir que os governos travassem guerra de morte contra a burocracia. Já o controle positivo, este é o antídoto mais eficaz contra a corrupção. Quando a instituição se vê capaz de enxergar com facilidade as más condutas, mesmo os agentes mais afoitos vão procurar outras paragens.
A corrupção tem saída sim. Porém, é preciso conjugar a solução em todas as pessoas: eu, tu, ele, nós, vós, eles.
Diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais do Estado do Rio de Janeiro