Rio - Depois de amanhã, o jornal O DIA lança um projeto simples, mas extremamente ousado e interessante para os tempos atuais. Toda segunda-feira, o espaço Conexão Leitor, que traz as opiniões dos cidadãos, vai dar vez e voz aos estudantes. Por meio da publicação, O DIA quer estabelecer um canal mais próximo com os jovens. Não se trata de um caderno à parte ou de um projeto patrocinado. Não. Os jovens terão apenas um espaço com destaque, mas serão vistos e entendidos como qualquer cidadão de direito, que pode e deve opinar.
É fato: os estudantes da atual geração não precisam da grande mídia para expor suas ideias. De forma alguma. Mas têm o direito de serem ouvidos por ela. O que, na verdade, é historicamente negligenciado pelos veículos de comunicação. Nesta perspectiva, a iniciativa, do jornalista Eduardo Pierre, tem tudo para dar certo. E pode ser visto, inclusive, como um presente em celebração aos 25 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança. Promulgada em 1989, a convenção, ratificada pelo Brasil, estabelece o direito de crianças — e, por conseguinte, dos jovens — a uma mídia de qualidade e o direito de ter espaços na grande mídia para opinar, divulgar o que pensam.
Tive a oportunidade de acompanhar o fechamento da primeira edição do Conexão Leitor dos estudantes. Que bacana. Oito jovens de diferentes bairros e contextos da cidade do Rio conheceram a redação do DIA, trocam ideias com os repórteres e conheceram o processo de produção da notícia. Com Eduardo Pierre, editaram a página, com suas opiniões e avaliações. Um prato cheio para professores e pesquisadores. Afinal, o que chama a atenção dessa garotada? O que incomoda? O que pensam sobre a cidade em que vivem?
A edição foi um bonito processo de respeito sem nenhum tipo de censura às ideias dos estudantes. Na minha avaliação, uma marca registrada do DIA. Escrevo aqui quinzenalmente, desde 2006, com total liberdade, discutindo o papel do professor, da escola e, principalmente, da própria mídia e de seus produtores.
Parabéns ao jornal O DIA por mais esta iniciativa que, com certeza, vai render grandes frutos. Os jovens já saíram da redação pensando no lugar que o papel jornal ocupará no futuro... deles. Sensacional. Quem sabe — adultos e jovens — não descobrem juntos novas formas de comunicação, novos formatos para o jornal impresso.
Na hora em que a edição da página ficou pronta, o pequeno grupo de estudantes, ali no meio do fechamento de mais uma edição do jornal, comemorou o feito com uma prova nas mãos e uma salva de palmas, que logo ecoou por toda a redação. Para aqueles jovens, uma cena inesquecível.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia