Por thiago.antunes

Rio - Estava por trás do espelho numa pesquisa qualitativa, aquela que, numa tradução livre, não se interessa por quantidade e, sim, por qualidade. Ou seja, pequenos grupos específicos foram selecionados para falar em profundidade sobre assuntos específicos. Eles sabem da nossa presença como espectadores, mas não nos veem.

Avaliávamos o poder dos jornais, o futuro do jornalismo, a transformação dele e a internet, entre outros temas, quando um leitor, de seus 35 anos, tocou num ponto que conversamos muito no meio, e que, dito ali, vindo de alguém que pertence ao nosso público alvo, foi elucidativo.

“Gosto de ler as notícias online, mas tenho grande dificuldade de saber o que é mais importante, pois ali tem sempre muita coisa. Acho que o papel do jornalista vai ser eternamente de grande valor, pois ele tem mais base e vai nos ajudar a hierarquizar as notícias. Fico confuso. Preciso que alguém me mostre o caminho”, disse. A discussão seguiu acalorada e era essa a opinião do grupo, nenhuma voz destoante. Deu orgulho e pensei na nossa responsabilidade diante da sociedade.

Por isso, hoje, que já é o futuro, a opinião importa tanto, os blogueiros aparecem como vozes fortes e esclarecedoras e as notícias dos jornais são confrontadas com o que é publicado por aí, como eu brinco, “nas internets da vida”.

Hoje um pingo é muito mais que uma letra. Uma frase no Facebook vira motivo de linchamento sem que a pessoa chegue ao segundo parágrafo, no qual irá se desenvolver a linha de raciocínio, que vai encaminhar-se para alguma conclusão. Em tempos online, quando a pipoca aparece muito antes de você passar com o milho, todo cuidado é pouco.

Mas quem se interessa pela informação não para no consumo imediato e continua, sim, a busca pelo tesouro perdido, pela notícia degustada com calma e com seu devido peso. Hoje, cada um tem um canal, seja ele com mais conteúdo ou sua linha do tempo no Facebook. Cada um tem um canal, repito, veja que maravilha, e usa a audiência como bem entende.

Reclamam de tudo, pois ali estão todos os tipos de pessoas. Vivem dilemas: “Bloqueio essa pessoa? Restrinjo o público? Convido para ser meu amigo? Uso profissionalmente? Ou pessoalmente?” Nem os experts têm as respostas. Pois como todos os meios e mídias, cada canal é um canal e você faz o uso da sua programação como bem entender. Sou pela qualificação, pela formação de público, seja aquilo seu passatempo ou não. Pense bem na mensagem que você quer passar e dê ordem para as coisas. Assim, sua capacidade de ser ouvido será amplificada.

E-mail: karlaprado@odia.com.br

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