Por felipe.martins

Rio - Nos anos eleitorais, a cada divulgação de nova pesquisa, diferentes projeções são feitas na tentativa de antecipar o futuro vencedor. Geralmente, líderes nas intenções de voto são apontados como grandes favoritos. Eles atraem os holofotes da mídia, dos financiadores de campanha e do grande público.

A pergunta sobre intenção de voto é importante para dar uma ideia do piso inicial dos candidatos, mas informa muito pouco sobre até onde podem avançar. Conhecer o percentual de eleitores dispostos a não votar em certas candidaturas é igualmente importante para projetar possíveis eleitos.

A taxa de rejeição é o indicador mais seguro para conhecer o limite de voto. Ela pode ser medida de maneiras distintas. Uma metodologia comum é perguntar em qual candidato o eleitor não votaria de jeito nenhum. Nesse tipo de pergunta, o cidadão é apresentado a uma relação contendo os nomes de todos os candidatos, sendo orientado a escolher somente a opção que mais rejeita. Ainda que essa informação seja útil, ela é limitada para prognóstico eleitoral na medida em que o eleitorado é impedido de manifestar a sua opinião sobre todos os candidatos. Ficamos, assim, sem saber o teto de cada candidatura isoladamente.

Os limites de votos são medidos com maior precisão quando o eleitor é convidado a se posicionar sobre todas as candidaturas simultaneamente. Nesse método, o entrevistador pergunta qual é a chance de o eleitor votar em determinado nome, oferecendo como opções de resposta uma escala que varia entre “com certeza votarei”, “poderia votar” ou “não votaria de jeito nenhum”. Não é preciso ser especialista em opinião pública para perceber que a última opção indica a fronteira máxima que cada candidatura pode alcançar.

Os números da última pesquisa Ibope, divulgados no final de março, mostram que, além de contar com piso inicial competitivo, Crivella dispõe da taxa de rejeição mais baixa entre os principais candidatos. Declaram que não votariam de jeito nenhum em Crivella 44% dos eleitores. Esse percentual aumenta para 50% em relação a Lindbergh, 59% para Pezão, 60% para Garotinho e alcança incríveis 69% no caso do ex-prefeito Cesar Maia. Essas últimas candidaturas enfrentam sérias dificuldades em disputas de segundo turno, realidade inevitável atualmente no Rio, quando para eleger-se governador o candidato precisa de mais da metade dos votos válidos. Não à toa que, nos cenários simulados de segundo turno, Crivella vence seus adversários em todos.

É preciso, claro, cautela na hora de analisar dados de opinião pública quando estamos distantes da data da eleição. Esses números refletem considerações de momento e ignoram o efeito das campanhas na decisão do voto. O início do horário eleitoral gratuito permitirá o diálogo direto entre representantes e representados, abrindo oportunidade para tomar conhecimento das propostas de governo e o perfil político dos candidatos. Mas não deixa de ser interessante que, nessa altura do campeonato, o sol brilha com força para Crivella.

Felipe Borba é cientista político, professor da Unirio e pesquisador do Iesp/Uerj

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