Por bferreira

Rkio - De repente tudo ficou meio esquisito. Silencioso. As ruas voltaram a ser dos carros. O som das conversas perdeu o sotaque do mundo. O engarrafamento voltou a comandar nossos encontros e desencontros. Aquele clima de euforia e descobertas sumiu. Não sei vocês, mas eu fiquei triste com o final da Copa. Não pela vitória alemã, que desta gostei muito pelo que representou na minha cabeça. A vitória do trabalho, do planejamento, do esforço. Fiquei meio melancólica com a partida dos visitantes que não conheci, com o fim das festas a que não fui e com o termino dos encontros com amigos para assistir aos jogos, para torcer ou para sofrer junto.

A volta à rotina trouxe junto um certo tédio e, claro, os problemas de sempre. Sim, porque durante um mês tudo ficou interrompido, parado, em compasso de espera. Até porque não adiantava muito querer a normalidade num tempo de exceções. A revisão do carro não podia ser agendada porque entre um feriado e outro não havia tempo suficiente. A entrega do computador novo demorou muito mais do que deveria e não dava nem pra reclamar porque a desculpa era a Copa. O pintor não veio terminar aquela parede e deu o evento como justificativa.

O eletricista deu bolo. O trânsito em alguns pontos melhorou muito porque estávamos quase todos ocupados vendo a Copa. Nas redes sociais, o assunto também era o mesmo e alguns poucos usuários reclamavam da mesmice, da falta de assuntos e discussões mais profundas do que os ataques menos vazados e as defesas mais eficientes. Tinham a solidariedade fugaz dos mesmos que, no momento seguinte, se dedicavam ao assunto recorrente. Mas, no geral, a euforia dominou. Só não foi maior que a depressão com a nossa seleção. Imagino que os moradores de Copacabana e da Tijuca devem ter ficado especialmente incomodados que os de outros pontos da cidade por conta da demora das visitas e do barulho que fizeram. Fico imaginando o inferno que deve ter sido pra quem não gosta de futebol ter que viver a Copa na sua esquina.

Dormir então deve ter sido uma aventura. Mas que gente corajosa esta que viaja quilômetros de ônibus, de carona, no maior desconforto, dorme na praia, nos carros, nas ruas, come qualquer coisa só para acompanhar n um telão sua seleção. Sim, porque vieram a uma festa sem convite e sem chance de entrar nem como penetra. Fizeram a festa onde deu e pelas entrevistas se divertiram e gostaram muito. Alguns gostaram tanto que nem querem voltar. Quanto a nós, os anfitriões, nos comportamos bem, com algumas exceções, claro. Mas de modo geral passamos no teste. Agora é viver a rotina, espantar o tédio, correr atrás do prejuízo pelo tempo parado e sonhar com a festa das Olimpíadas, daqui a 749 dias.

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