Rio - A fome é um dos principais problemas do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de três bilhões de pessoas — quase metade da população do planeta — sofrem com o problema. O Brasil, país com grande potencial agrícola, tem totais condições para contribuir de forma contundente contra a fome interna e externamente. O setor é o mais competitivo de nossa economia e representa, hoje, cerca de 20% do PIB brasileiro.
O que mais surpreende é que a comida necessária para alimentar toda essa gente existe, mas é jogada fora no mundo todo. O relatório ‘Global Food: waste not, want not’, do Instituto de Engenheiros Mecânicos do Reino Unido, mostra que de 30% a 50% dos alimentos produzidos anualmente no mundo nunca são ingeridos. São até dois bilhões de toneladas de comida que vão para o lixo.
Nos países em desenvolvimento, o problema está na colheita, na estocagem e na falta de estrutura para transporte. A perda no plantio de arroz em regiões do Vietnã, por exemplo, pode chegar a 80%. Já nos países ricos, grande parte do desperdício se dá porque o consumidor só quer os alimentos de ótima aparência. As promoções do tipo ‘compre um, leve dois’ também estimulam o desperdício. As pessoas compram mais do que precisam e muita comida acaba no lixo.
Desde o início, a evolução das embalagens acompanhou o desenvolvimento humano. Inicialmente, da simples necessidade de armazenar mantimentos e água; mais tarde, de conservá-los por mais tempo para consumo posterior e comercialização. Hoje, as embalagens conferem identidade ao produto, referenciam sua origem e reforçam sua marca e suas qualidades. São fundamentais na logística: essenciais para disponibilizar as mercadorias no tempo certo, nas condições adequadas, ao menor custo possível, principalmente na distribuição internacional.
O plástico sempre foi um aliado para evitar o desperdício. O seu uso permite maior produtividade na agricultura, a despeito de perdas por alterações no clima; maior tempo de vida aos alimentos; e garantia de estocagem de qualidade. Quando o produto chega à gôndola, a função do plástico também é de suma importância para que não haja perda. No combate à fome, não é diferente. A presença das embalagens plásticas faz com que os alimentos possam ser levados aos pontos mais longínquos, de maneira segura e higiênica, sem contaminação e sem desperdício.
Já se sabe que, em países onde o Índice de Desenvolvimento Humano é mais alto, o consumo de plásticos per capta é maior. A questão do uso do plástico no combate à fome é destaque do 1º Congresso Brasileiro do Plástico, a primeira iniciativa no Brasil e na América Latina com o propósito de exaltar suas aplicações nos mais variados segmentos.
Setor que faz parte de uma cadeia produtiva responsável por mais de 350 mil empregos diretos no Brasil, em mais de 11 mil empresas, a indústria de transformação plástica brasileira, aliada cada vez mais ao segmento agrícola, tem plenas condições de minimizar as perdas de alimentos, garantir valor agregado ao produto e sua marca, qualidade, durabilidade. Soma-se a isso o esforço dessa cadeia para criar no país a cultura das boas práticas de consumo, como os 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), partindo do próprio plástico, que é 100% reciclável, e extrapolando para o consumo de modo geral. Acreditamos que, unindo esses pontos, o Brasil tem condições de dar mais um passo em direção ao desenvolvimento, contribuindo de forma efetiva e global.
Alfredo Schmitt é empresário e presidente do 1º Congresso Brasileiro do Plástico