Por bferreira

Rio - Como o Brasil poderia ganhar a Copa do Mundo se na festa de abertura não teve samba, só música de marqueteiro?

Não entendo nada de futebol. Aliás, ninguém entende. Talvez só Nelson Rodrigues, que de vez em quando baixa no Jabor. Na última vez que isso aconteceu, soltou uma frase definitiva: “A pátria de chuteiras foi substituída pelas chuteiras sem pátria.” Noventa minutos de cotoveladas na cara, mordidas, rasteiras, pernadas, socos, pisões, joelhadas, puxões de camisa, poucos cartões amarelos, pouquíssimos vermelhos. Isso pode ser chamado de futebol?

Locutores reclamam dos juízes que deixam o pau comer, só apitam falta em tentativa de homicídio. A culpa não é dos juízes, obviamente a Fifa manda fazer vista grossa. Está de olho no bilionário mercado americano, que descobriu e gostou da violência do que eles chamam de soccer. E adora violência. Aprenderam os fundamentos: marcaram o gol mais rápido da Copa (aos 2,9 minutos do primeiro tempo, contra a Bélgica) e ainda se deram o luxo de ter o melhor goleiro desta Copa de grandes goleiros: Howard. Com a grana que têm, vão contratar os melhores jogadores e técnicos. Não tenho dúvida de que a Copa de 2018 vai ser deles.

Vamos combinar o seguinte; o futebol-arte, do Didi, Ademir da Guia e Danilo, é coisa do passado, foi substituído pelo futebol-porrada. O futerrúgbi, valendo nocaute e sem direito de jogar a toalha antes do tempo regulamentar. Estádios passarão a ser chamados de arenas. Em vez de jogadores de futebol, gladiadores. Sintomático: os carrinhos elétricos que retiravam de campo os atletas contundidos foram trocados por aquelas macas de rabecão.

Vi, li e ouvi tudo sobre a Copa, de Márcio Braga a Maitê Proença. Imersão total. Quando a festa acabou e a luz apagou (sempre o Drummond) , me senti como os sobreviventes de Hiroshima, perambulando entre destroços.

Obrigado, colombianos. Vocês evitaram que fôssemos derrotados mais uma vez pelos uruguaios.

A final da Copa foi a última partida que vi na minha vida. Cé fini.

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