Por bferreira

Rio - As vagas no setor de asseio e conservação praticamente dobraram em 2014, e a promessa é que o mercado continue promissor até 2016, quando serão realizadas as Olimpíadas. Os empresários, no entanto, enfrentam um obstáculo: preencher as cotas disponíveis para deficientes. Para se ter ideia do quanto a questão é intrincada, uma semana após o Dia D, evento criado para incentivar a inclusão social e profissional de pessoas com deficiência (PcD), iniciou-se a convocação dos candidatos. Uma das empresas do segmento esperava a apresentação de 60 trabalhadores, mas somente dois compareceram.

A Lei de Cotas (8.213/91) determina que empresas com 100 ou mais funcionários incluam, no quadro de efetivos, 2% a 5% de pessoas com deficiência ou beneficiário reabilitado. Para cumprir a lei, as empresas do setor de serviços promovem palestras sobre inserção e divulgam vagas voltadas para PcDs. O Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação realiza parcerias com associações e entidades voltadas para a inserção deste público no mercado. Ainda assim, a oferta continua a ser sempre maior do que a demanda. No Rio, 5 mil postos são dedicados exclusivamente a trabalhadores com deficiência física.

Segundo o Censo 2010 do IBGE, quase 24% do total da população brasileira é composta por PcDs, mas dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2012 revelam que apenas 330 mil estão no mercado formal de trabalho. A falta de mobilidade nas cidades e a perda do Benefício de Prestação Continuada, oferecido pelo governo, são alguns entraves para despertar o interesse dos candidatos.

Os beneficiados perdem, desta forma, a oportunidade de ter salário mínimo acima da média, já que no Estado do Rio o piso para cargos como serventes e faxineiros é de R$ 900 — a classe teve aumento neste ano de 11%, o dobro do índice de inflação. Os trabalhadores do segmento recebem, ainda, todos os benefícios garantidos por lei para os trabalhadores, como plano de saúde, aposentadoria, FGTS, transporte e alimentação, além de auxílio-natalidade de R$ 300.

Para mudar o quadro, seria importante que o Benefício de Prestação Continuada fosse mantido por algum tempo. O tempo de se perceber que um trabalho formal pode recuperar a autoestima e abrir novos horizontes na vida profissional e até pessoal.

José Carlos Barbosa Lopes é diretor do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do estado

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