Por adriano.araujo

Rio - Entrei neste mês de agosto com dois novos livros na praça: ‘Reinventar a vida’, pela editora Vozes, e o infantil ‘Começo, meio e fim’, pela Rocco.

O primeiro, uma coletânea de textos, aborda temas como a sabedoria de vida, o mundo em que vivemos, consumismo, meio ambiente e amizade. O infantil toca em assunto delicado, sobre o qual muitas vezes os adultos não sabem responder à natural curiosidade das crianças: a morte.

Tenho amigos que, antes de completarem 10 anos, perderam os pais em acidente aéreo. A família cometeu o equívoco de não levá-los ao velório e ao enterro. Cresceram com a sensação de que os pais foram abduzidos. Ficou o vazio aberto pela falta de vivenciar o rito de passagem.

Chego aos 70 anos de vida com 60 títulos produzidos, dos quais 58 publicados e dois no prelo: ‘Oito vias para ser feliz’, pela editora Planeta, que trata das bem-aventuranças do Evangelho. Deve chegar às livrarias no fim do ano. Já ‘Um Deus muito humano’ contém textos que expressam meu caso de amor com Jesus.

O jornalista Ricardo Kotscho, amigo do coração, já me perguntou: “Você leu todos os livros que escreveu?” Brinca ele com os amigos comuns: “Não é o Betto quem escreve. São os 40 fradinhos que habitam os porões do convento.”

É verdade, tenho compulsão por escrever. E em se tratando de livros, não o faço em horas vagas. Reservo 120 dias do ano para trabalhar em meus livros. Já os artigos são produzidos em meio à turbulência de minha agenda maluca, dedicada a assessorar movimentos pastorais e sociais.

Apesar de tantos livros publicados, traduzidos em 24 idiomas e em 35 países, não vivo de direitos autorais. Ainda lê-se pouco no Brasil. E no exterior só virei best-seller com ‘Fidel e a religião’. Nem me sustento com ‘o maná que cai do Céu’, ou seja, da Igreja. Como o apóstolo Paulo, faço questão de viver do trabalho “de minhas mãos”. E acrescento: da minha mente. Meu ganha-pão são as palestras, aqui e lá fora.

Transito entre vários gêneros: memórias, como ‘Batismo de sangue’ e ‘Diário de Fernando’ (ambos da Rocco), que virou filme sob a direção de Helvécio Ratton; meia dúzia de infantis; biografias, como ‘Um homem chamado Jesus’ (Rocco); pastoral, como ‘Fome de Deus’ (Paralela); livros em coautoria, como ‘Conversa sobre a fé e a ciência’ (Agir), em parceria com o físico Marcelo Gleiser; e romances, como o policial ‘Hotel Brasil’, ‘Minas do ouro’ e ‘Aldeia do silêncio’, todos editados pela Rocco.

Frei Betto é autor de ‘A arte de semear estrelas’ (Rocco)

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