Por bferreira

Rio - Com o aval da União, Rio e São Paulo selaram uma trégua na ‘guerra da água’, disputa — até então moderada, sem decibéis altos nem baixarias — acerca da vazão paulista de cursos hídricos importantes também para fluminenses e, em menor grau, mineiros. Cede-se aqui, compensa-se ali, e todos saíram razoavelmente satisfeitos. Afastou-se, por ora, o risco de desabastecimento no Sudeste, garantindo ainda a integridade das hidrelétricas, e tudo sem a necessidade de obras faraônicas em três turnos. Mas trata-se de solução transitória; na prática, empurrou-se com a barriga um problema sério que não tardará a voltar.

A seca severa que estorricou reservatórios paulistas, como o da Cantareira, talvez não venha tão implacável ano que vem. Mas, a menos que haja um dilúvio de dimensões bíblicas, o nível dos depósitos continuará inspirando cuidados. Qualquer estiagem no inverno que vem será de novo ameaça para as torneiras e trará riscos de falha no sistema elétrico.

É bom o governo paulista ter isso em mente e pensar em medidas mais amplas, com mais alternativas, sempre em consonância com os vizinhos. Pois é inadmissível decidir unilateralmente reduzir a vazão de seus rios como se o estado fosse uma ilha de esplendores. Obviamente que é desumano forçar milhares de moradores a ficar sem água para consumo, mas minimizar o dano alheio é desrespeitar o Pacto Federativo e ensejar uma guerra fratricida — e desnecessária, pois a seca em si já traz apreensões o suficiente.

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