Por bferreira

Rio - Às vezes me pego pensando como é que a gente vivia antes das redes sociais. A gente se sentia mais ou menos sozinha? A gente telefonava mais para os amigos? Visitava mais as pessoas, frequentava mais as casas dos parentes? Com quem a gente mais trocava ideias? Pra quem fazia confidências, contava as nossas mazelas, desabafava os problemas?

Hoje, com mais gente morando sozinha, com menos tempo para tudo, do lazer às conversas, com as dificuldades provocadas pelo trânsito, os amigos reais que viraram virtuais ou os virtuais que parecem reais ficam ao alcance de um clique. As redes sociais se tornaram palco das confidências. Claro que nem todo mundo conta a vida nas páginas do Face. Mas muita gente faz isso sem saber ou sabendo. Por prazer de se expor ou por necessidade de dividir, de compartilhar. E não pensem que estou criticando o jeito de ser e viver de cada pessoa. Cada um faz o que quer da sua própria história.

É muito divertido e, às vezes, surpreendente, por exemplo, neste momento de campanha política, acompanhar o debate de candidatos na TV e, ao mesmo tempo, ler ou dar opiniões via Twitter ou Facebook. O debate paralelo que se dá nestes espaços virtuais é muito interessante. Cada grupo político se sente vitorioso, acha que seu candidato se saiu melhor, acusa o outro, até elogia um concorrente, com um vigor e uma força que, muitas vezes, o candidato em questão nem tem. Há os que defendem ideias e posições políticas, mas há muita gente que se dedica às questões mais superficiais, tipo a roupa de um, os óculos do outro ou o bigode alheio. E este ver televisão coletivo se dá, mais animadamente, nos grandes eventos, nos campeonatos de futebol, foi assim na Copa e até nos concursos de misses ou nos prêmios internacionais de televisão e cinema. E, pelo visto, vai ser ainda maior no futuro.

Pesquisas recentes mostram que o Facebook, por exemplo, é usado hoje por 80% dos jovens usuários da rede, entre 9 e 17 anos. E com isto cresce a preocupação com o comportamento destes mesmos jovens, que se expõem cada vez mais , nesta fase de descobertas da sua própria sexualidade e do mundo à sua volta. A situação é tão grave e a tendência é tão forte que a Ong Safernet — Brasil está fazendo uma campanha para enfrentar os crimes e violações dos direitos humanos na internet. Há um canal gratuito — Helpline.Br — que se propõe a orientar jovens vítimas de humilhações, intimidações e chantagens na rede. Uma das frases da campanha lembra que “a Internet não guarda segredos” e outra diz : “Mantenha sua intimidade off-line”. E me pego pensando que estas máximas não valem só para adolescentes, vale também para os adultos que expõem sua vida ou sua porção adolescente na internet. Às vezes é melhor conversar com um amigo ou amiga antes de postar na rede. Fica a dica.

E-mail: comcerteza@odia.com.br

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