Por bferreira

Rio - A cada quatro anos é sempre a mesma coisa: as atenções se voltam para os candidatos a presidente e governador, e ninguém liga para as eleições para deputado federal e estadual. Isso é péssimo, pois são eles que fiscalizam o presidente e o governador. Além disso, é importante saber quais políticas o candidato apoia e como ele já votou na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa em mandatos anteriores. O que ele defende vai ajudar ou atrapalhar o governante a realizar as mudanças que ele julga benéficas e que a oposição considera ruins.

Também é importante saber qual é o partido dele. Ao contrário da crença popular, quase sempre os deputados votam de acordo com o que seu partido decidiu. Isso pode significar que o candidato escolhido tomará decisões contra o interesse de seus próprios eleitores, enganados pela conversa de que todo partido é igual.

Além disso, diferentemente do que muitos pensam, não são necessariamente os mais votados que se elegem. O cálculo para definir os deputados eleitos leva em consideração a votação recebida pelos partidos inteiros, e não só os votos individuais. Terminadas as votações em cada estado, juntam-se os votos de todos os candidatos de cada partido ou coligação. O número de deputados que cada grupo terá no respectivo estado seguirá aproximadamente a mesma proporção de votos recebida pelo partido ou coligação. Os mais votados do partido ou coligação preencherão essas vagas, que foram conquistadas com a ajuda dos votos de todos os colegas de chapa.

É por isso que, às vezes, um candidato muito votado mas lançado por um partido pequeno não se elege, enquanto outros, com menos votos, acabam sendo ‘puxados’ por colegas de sigla mais bem-sucedidos nas urnas. Então, ao votar em um candidato, o eleitor pode acabar ajudando um concorrente que pertence à mesma agremiação. Dizem que ‘pegaram carona’, mas não é bem assim: nosso sistema eleitoral, o “proporcional de lista aberta”, apenas leva os partidos em conta, o que é certo. Como os membros de um partido agem como grupo, isso só é um problema se o eleitor não tiver escolhido com cuidado a legenda do seu candidato.

Então, fica a dica: quem vota de qualquer jeito, anotando o primeiro número que vê na propaganda, vai reclamar do Congresso depois. Pesquisar sobre os candidatos e seus partidos é essencial para o voto consciente e para evitar dor de cabeça.

Guilherme Simões Reis é doutor em Ciência Política e professor da Unirio

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