Por bferreira

Rio - O horário de verão vai começar. Daqui a um mês. E só termina em fevereiro. Confesso que gosto muito deste tempo em que saio do trabalho ainda com dia claro e, vez por outra, consigo até ver o pôr do sol numa bela praia do Rio. Sei também que muita gente compartilha deste meu gostar e, claro, muita gente detesta. Principalmente quem sai de casa para o trabalho muito cedo e ainda é noite quando chega à estação de trem ou ao ponto de ônibus.

É mais perigoso, reclamam as trabalhadoras que deixam a Baixada Fluminense rumo à Zona Sul. E têm toda razão. Mas o que é que não é perigoso no Rio? Ir à praia no domingo de sol, por exemplo, deveria ser um programa normal, uma distração leve e democrática. Mas não é. Ir à praia no domingo no Rio é perigoso e assustador. Na segunda-feira, pelo inferno descrito nos jornais ou visto na televisão, dá vontade de esquecer que as praias são lindas.

A chamada Operação Verão começou antes da primavera. Mais de 600 policiais foram escalados para dar segurança aos banhistas mas o que se viu foi um mar de guerra. Pânico na água e nas areias. Gente correndo, nuvens de fumaça, roubos, agressões e muito, muito medo. O que vai acontecer quando o verão chegar não vale a pena nem pensar. Muita gente vai ter que mudar até o horário de ir à missa, se a sua paróquia for perto de alguma praia, porque a igreja pode ter que fechar suas portas para evitar invasões. No último domingo, no Arpoador, foi assim. E ainda estamos teoricamente no inverno. As autoridades de segurança recomendam que sejamos discretos. Não ostentar é um dos conselhos que nos dão para evitar atrair ladrões.

Mas, no Rio não sei se este conselho funciona porque , até o arcebispo teve seu anel religioso roubado. E olha que Dom Orani explicou aos ladrões, na hora do assalto, que a peça não é de ouro, mas nem assim foi poupado. Voltando aos conselhos dos técnicos, eles recomendam que não se ande com vários cartões de crédito no bolso ou na bolsa, que se evite os carros do ano ou muito chamativos,e, principalmente, que não forneça informações sobre sua situação financeira (se for boa, claro) nas redes sociais para não atrair a cobiça dos assaltantes.

Ou seja, se entendi direito, se seu carro é novo, guarde-o na garagem. Se comprou uma bela joia use-a na sua própria sala. Se sua bolsa é cara trate de escondê-la ao fazer fotos para as redes sociais. Sabe aquela viagem dos sonhos? Nada de postar as fotos que fez na internet. Faça um álbum da viagem e mostre aos amigos de verdade, na intimidade de seu lar, caso você tenha seguido outro conselho dos especialistas: “muito cuidado com quem você contrata para trabalhar para você”. Resumo da ópera: talvez seja melhor fazer uma bela foto do mar e colocar na parede da sua sala, fechar bem a porta e concordar com o escritor Guimarães Rosa: viver é muito perigoso.

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