Por bferreira

Rio - Depois das controversas mudanças em seu programa de governo, motivadas por pressões diversas, a candidata Marina Silva lançou nova modalidade de refugada: a volta atrás da volta atrás. O DIA mostrou ontem que Marina afirmara, na quarta-feira, ser favorável à “redistribuição” — ou pulverização — dos royalties do petróleo. Este espaço reiteradas vezes alertou para a tragédia da perda de R$ 27 bilhões no Rio e R$ 10,5 bilhões no Espírito Santo, que sofrem os ônus enquanto os demais estados têm os bônus do petróleo extraído.

A uma plateia carioca, Marina declarou: “Nós defendemos a forma como a questão foi aprovada no Congresso.” Com esta fala, ela se desdisse. No início do mês, quando este mesmo jornal informou que a ex-senadora defendia a pulverização dos recursos, sua equipe de campanha lançou nota raivosa afirmando que ela “jamais defendeu ou defenderá projeto para rever os contratos dos processos de exploração de petróleo em vigor”, pois Rio e Espírito Santo “dependem desses recursos para alimentar suas economias”. E a própria candidata falou em “boatos”, além de ameaçar acionar juridicamente o jornal por cumprir a missão de defender os interesses estratégicos do Rio de Janeiro e seus leitores.

Se foram boatos, agora passam a fatos, pois saíram da boca da candidata. Equilibrando-se entre o discurso da “nova política”, que flerta com a negação da política, e a aliança com teses do liberalismo econômico, Marina Silva segue tocando a campanha na base da contradição e do dito pelo não dito. Recuar faz parte do jogo. O recuo do recuo, porém, demonstra incoerência acima do razoável — e, em questão tão sensível a cariocas e fluminenses, evidencia clara posição contra o Rio.

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