Por bferreira
Rio - Atribuir à escassez de recursos dos royalties a origem dos males que assolam a Uerj tem a mesma eficácia que culpar São Pedro pela crise hídrica no Sudeste. É a retórica da calamidade, que tenta minimizar ou ocultar falhas sistêmicas de longa data, essas sim as reais culpadas pelo quadro de devastação que se viu ontem, como O DIA detalha hoje.
A reitoria alerta para dívida de mais de R$ 20 milhões, reconhece dificuldades de caixa e diz confiar no governo para sair da crise. O recesso baixado a fórceps, prejudicando até alunos com prova marcada, foi a forma encontrada para garantir a integridade de todos diante de um campus insalubre.
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A medida, no entanto, tão somente apende mais barbante ao rastilho de pólvora que pode detonar um cataclisma na Uerj. Como será na volta do ano letivo? E como fica o Colégio de Aplicação, esplêndido caso de escola pública da rede estadual disputada por centenas? A julgar por ontem, não seria exagero afirmar que a Uerj está pré-falimentar.
A universidade, por décadas um centro de excelência acadêmico — como no Direito, onde lecionam ministros do Supremo e de onde saem quadros competentíssimos todos os anos —, merece sorte melhor. Não necessariamente carece apenas de dinheiro, mas uma gestão sustentável, para que não comprometa a formação dos milhares que lá estudam e sonham com futuro próspero.
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