Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - ‘Se eu tivesse pra onde voltar, eu voltava...”, respondeu para a interlocutora, que contava sobre sua mudança de vida. Depois de 15 anos no Rio de Janeiro, com um emprego estável e uma casa alugada na Glória, ela resolveu retornar ao Ceará. Voltar enquanto é tempo, porque lá tem família grande. A mãe, com seus 70 e poucos anos, ainda está cheia de vida, e lá tem muita gente. “No Rio você não vive, você sobrevive”, disse ela, que nesses anos colecionou amigos, mas não colou seu coração com o de ninguém, e, sozinha, também, estava difícil a luta. “Tem uma hora que a gente precisa descansar”, falou. Com irmãos e sobrinhos, poderá abrir um salão em sua cidade natal, cidade grande, perto de Fortaleza. E, nas férias, ir para Jericoacoara rever o pessoal da escola.
Mas em fevereiro/março, não... virá todo ano ao Rio matar saudade dos que por aqui insistem em ficar. E aproveitar o Carnaval. Mas para ela já deu. Mesmo na cidade grande, quer uma vida mais barata. Dá para ter tudo e muito mais com muito menos. Então resolveu fazer o caminho inverso. Ela e muitos conhecidos seus, que resolveram voltar para o Ceará. Como no Estado do Rio, lá também tem serra, montanha, mel puro da abelha como se encontra em Mauá. Lá é sossegado, tem um irmão seu que só bebe, outro é dono de um restaurante, outro vive de venda. Tem uma venda. Lá o gosto das frutas é diferente, tem mais sabor.
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Mas ela é muito querida e a mãe está sentindo sua falta. Acha que já está bom demais tentar a vida no Rio, que já aprendeu bastante e deu a hora de voltar. Aqui se modernizou, ganhou novo corte de cabelo, foi a muitas raves, gosta de forró, mas se apegou à música eletrônica. Vive na defensiva, o que lhe permite viver em qualquer lugar do mundo. Mesmo lá para onde vai, perto de Fortaleza, não tem esse perigo todo, e então é mole viver, porque você vai viver para pagar as contas, mas vai sobrar, e não vai ter o perigo de lhe tirarem o que custou a conseguir com seu trabalho. Aqui os amigos são a família, mas nada como a família da gente, mesmo, nada como a mãe da gente. Aqui a gente rala sem parar, e não vê muito resultado, porque é como um rolo compressor. Mas lá não, lá vai ter também comida de mãe. E foi difícil decidir, mas vai ser muito bom.
Do lado de cá, suspirei e desejei tudo aquilo. “Se eu tivesse pra onde ir, eu ia”.

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