Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - O Brasil assiste perplexo à gravíssima crise hídrica. Poluímos os rios, desmatamos as florestas, praticamos o desperdício público e privado de água doce, e depois até as lágrimas nos secam... No Ministério do Meio Ambiente, entre 2008 e 2010, reduzimos à metade o desmatamento da Amazônia e apresentamos pela primeira vez um Plano de Defesa do Cerrado, da Caatinga e da Mata Atlântica. O Cerrado é nossa caixa d’água, alimentando as principais bacias hidrográficas do país, e não se dava a esse bioma a devida importância, só se priorizava a Amazônia. A principal fonte de uso e de desperdício de água no Brasil é a irrigação. Consome cinco vezes mais água do que toda a população. E não aplica o gotejamento e o reúso de água, que economizam imensamente.
O Rio, em dez anos, passou de maior para menor desmatador da Mata Atlântica, segundo o Inpe. Criamos parques, contratamos guarda-parques e criamos o ICMS Verde, que, sem aumentar um real de imposto, dá mais recursos aos municípios que preservam florestas, que tratam esgoto e que acabaram com lixões. A agenda ambiental no Rio avançou com o Pagamento de Serviços Ambientais aos agricultores que replantaram as matas ciliares; com o fim dos lixões que poluíam rios com chorume; e com a obrigação de novos prédios públicos captarem água da chuva.
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Houve pontos em que não avançamos, apesar da demanda da área ambiental, como a Regulação da Cedae: única grande empresa estadual de água e esgoto que não é fiscalizada por órgão regulador. A regulação implica vistorias, metas de ampliação da rede, da capacidade de reservação e de distribuição, da diminuição progressiva do desperdício de 40% de água tratada, com prazos e multas.
Teríamos que avançar mais rapidamente com o saneamento ambiental: além de defender a saúde e a vida nos rios e lagoas, o esgoto piora a qualidade da água, tornando o seu tratamento mais caro e complexo. Não conseguimos acabar com a cobrança pelo consumo mínimo de 15 m³, estímulo ao desperdício. E avançamos pouco na implantação dos hidrômetros unifamiliares, que combatem o desperdício, e com a educação ambiental para a economia e reciclagem da água, base da nossa vida. Agora temos que correr muito, com os depósitos vazios.
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Carlos Minc é deputado estadual pelo PT, foi secretário do Ambiente