Por bferreira

Rio - Estava saindo de uma reunião de trabalho quando vi que meu marido me marcou no Facebook, publicando foto nossa com nosso filho e a hashtag #emdefesadetodasasfamílias. Antes de aceitar a foto no meu mural na rede social, perguntei que hashtag era aquela. Ele me explicou. E então a publicação apareceu na minha linha do tempo.

Seria muito bom, mais uma vez, que os internautas mostrassem a sua força e que isso fosse levado em consideração pelos nossos governantes. Um “twitaço” e um “facebokaço” marcaram o dia de ontem, convocados pela Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção e pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família, com objetivo de barrar a tramitação do Estatuto da Família, desarquivado há duas semanas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A campanha virtual defendendo todas as famílias é um alerta e tanto. Infelizmente, não somos nós, diretamente, que botamos um político como tal no comando (o terceiro na hierarquia do poder nacional).

Este espaço costuma ser destinado a tratar de temas leves e buscar uma visão otimista, mesmo no pior momento, mas não posso deixar de falar o básico: assuntos como esses são questões de humanidade e saúde pública. Não deveriam ser tratados como armas de interesse político. Se enxergarmos isso e nos despirmos de preconceitos, teremos, sim, um mundo mais leve e cheio de amor. Um lugar melhor para se viver.

Aprendi outro dia, aqui em reportagem do DIA, que Cunha era representante do eleitorado conservador e que sua chegada à cúpula do Congresso seria um atraso para pautas progressistas: ele assumiu em campanha compromissos com igrejas evangélicas e grandes corporações para não debater temas como legalização da maconha, aborto, criminalização da homofobia, casamento entre pessoas do mesmo sexo e regulamentação econômica dos meios de comunicação. Em 2010, sua aversão pela garantia de direitos constitucionais o levou a propor a criminalização da “heterofobia”, em oposição ao projeto que queria transformar em crime as agressões sofridas por homossexuais. Enfim, é hora de enxergar o retrocesso e pregar a tolerância. O Estatuto prevê redução de direitos hoje concedidos aos homossexuais pelo Poder Judiciário. O importante é considerar, para dizer o mínimo, que crianças devem ter seu núcleo familiar, seja de pai e pai ou de mãe e mãe, como for... mas que tenham apoio emocional, amor, lar, acolhimento, saúde, educação. Não podemos ser cegos e surdos.Temos que pensar no coletivo.

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