Por bferreira

Rio - Defender a Petrobras e ir à rua protestar estão no ideário e na prática do Psol. Mas as motivações dos que convocam os atos para os dias 13 e 15 não nos convencem, como partido, a deles participarmos.

Eis nossas razões:

1) O ato do dia 13 é de apoio ao governo Dilma, por mais que elenque críticas pontuais a MPs recém-editadas; somos oposição programática de esquerda ao governo;

2) O ato do dia 15 não esconde sua posição pelo impeachment, com o que não concordamos, por não vermos hoje elementos substantivos para tal iniciativa;

3) Defender a Petrobras estatal é também exigir apuração rigorosa e implacável sobre os que a vilipendiaram, montando esse esquema abominável de propinas;

4) O justo protesto contra a corrupção não pode ser biombo para os que sonham com nova ditadura e não têm apreço pelos direitos humanos;

5) Sob a convocação do ‘movimento social’ há o claro intuito de reforçar o PT, neste momento crítico, muito em função dos seus próprios e graves desvios;

6) Sob a convocação da ‘cidadania indignada’ abriga-se a oposição conservadora e elitista, liderada pelo PSDB;

7) Esta polarização de assemelhados — como as investigações da Lava-Jato bem o revelam — já se desgastou;

8) Não vemos a conclamação pelo afastamento de figuras de proa de vários partidos de funções no Congresso;

9) Toda mobilização tem que ser crítica, mas também propositiva: não vemos essa dimensão nas convocações, a começar pela da essencial Reforma Política;

10) A superação das crises hídrica e habitacional, de responsabilidade dos governos federal e estaduais, de petistas e tucanos, não está colocada;

11) Não há consignas por um novo modo de produzir, consumir e governar;

12) Não há, no chamado do dia 13, o reconhecimento de que o PT assumiu uma governabilidade neoliberal e fisiológica, canal aberto para a corrupção sistêmica;

13) Há, no chamado do dia 15, simpatia a posturas fascistas e preconceituosas contra diversos segmentos sociais ditos minoritários;

14) Aos de boa vontade, preocupados com a construção de um Brasil justo, soberano, igualitário e fraterno, reiteramos nossa vontade de construir lutas mobilizadoras, para superar esta crise econômica, política e ética.

Chico Alencar é líder do Psol na Câmara dos Deputados

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