Por felipe.martins

Rio - Abril é azul. Durante todo este mês, em diversas cidades do Brasil, ocorrem movimentos em prol dos direitos da pessoa com autismo. O azul é a cor do transtorno, porque nascem muito mais meninos do que meninas com esse espectro. A Organização das Nações Unidas escolheu o 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

A mobilização nacional é resultado da luta de familiares que buscam melhores condições de vida para seus filhos. Por causa dessa mobilização, em 2012 foi sancionada a Lei Federal 12.764, instituindo a política de proteção dos direitos da pessoa com o espectro. Com base na lei, foi inaugurada em Itaboraí a primeira clínica-escola pública do Brasil, que busca dar atendimento multiprofissional ao autista, visando à sua inclusão escolar e social.

Porém, ainda é muito pouco para um transtorno em que a taxa de prevalência tem crescido grandemente, num contexto em que crianças, adolescentes e adultos são discriminados e preteridos em escolas e distintos espaços sociais. Por isso, é justo e digno que a sociedade tenha maior consciência do autismo.

De fato, esses movimentos sociais vieram trazer visibilidade para pessoas historicamente esquecidas. É justo e necessário que o poder público assuma também o protagonismo da causa, com ações que viabilizem, na prática, o tratamento clínico, a educação e a inclusão social. É urgente investir em pesquisas, porque quando se descortinam as gêneses desse campo controvertido de estudos, mais rápido e precisamente se diagnostica o espectro, o que pode dar maior qualidade de vida para o autista e a sua família.

Nessas ações, a escola cumpre papel fundamental na preparação do autista para a vida social, educando-o em parceria com a família. Entretanto, qualquer esforço nesse sentido precisa estabelecer vínculos com situações emergentes da escola, como a capacitação docente, a adaptação curricular e a instituição de professores mediadores especializados. Situações já previstas na lei. Sem o entendimento de como se deve ensinar, a Educação ficará restrita apenas ao esforço com poucos resultados. Afinal, ensinar o aprendente autista é estabelecer relação dialógica com o seu jeito de aprender, educando-o para a vida.

Eugênio Cunha é autor do livro ‘Autismo na Escola’

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